Ao todo foram 10.688,73 km² perdidos de vegetação, entre agosto de 2021 e julho de 2022, período analisado pelo sistema. Os dados divulgados no ano passado indicavam uma área devastada de 8.531,44 km².
Este é o terceiro ano consecutivo de aumento da desmate no Cerrado, situação inédita na série histórica do monitoramento do Inpe. No governo de Jair Bolsonaro (PL), criticado pelo desmonte de órgãos ambientais e o avanço da derrubada das florestas, o desmatamento do bioma acumulou área perdida de 33.444 km², o equivalente a mais de seis vezes a área de Brasília.
Os Estados que tiveram as maiores destruições foram os do chamado Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), chegando a 71 % do total desmatado no bioma. O Maranhão lidera o ranking com 2.833,9 km², 27% do total desmatado no bioma. Em seguida aparecem a Bahia, o Tocantins e o Piauí.
O Cerrado se distribui por uma área de cerca de 1 milhão de km² de vegetação nativa remanescente, quase duas vezes a área da França. Essa savana tropical representa mais de 5% da biodiversidade mundial. Também abriga 25 milhões de pessoas, cerca de 100 povos indígenas e comunidades tradicionais.
Considerado a maior fronteira agrícola do mundo, o Cerrado tem hoje cerca de 50% de sua área de vegetação primaria. "Precisamos mudar a trajetória do desmatamento do Cerrado urgentemente, depois de 3 anos seguidos de aumento da destruição. Preservar o bioma é fundamental para manter os regimes hídricos que irrigam tanto a produção de commodities, como a agricultura familiar, e enchem reservatórios de hidrelétricas pelo país. Desmatar o Cerrado é agir contra o agro, contra o combate à fome e a inflação - menos Cerrado significa alimentos e energia elétrica mais caros", afirma Edegar de Oliveira Rosa, diretor de Conservação e Restauração do WWF-Brasil.
No último dia 30, o Prodes divulgou a estimativa oficial para Amazônia Legal. Foram perdidos 11.568 km² em 2022, recuo de 11% em relação a 2021, mas ainda assim um dos patamares mais elevados dos últimos anos.