Theo Hernandez faz malabarismo para bater para o gol, tirando do goleiro Bono, e abrindo o placar no estádio Al Bayt Stadium, em Al Khor, no Qatar –
LUCIANO TRINDADEFOLHA DE S.PAULOAL KHOR (QATAR) – O futebol nem sempre é justo. O time que mais luta, que mais finaliza, que mais pressiona, que mais contagia, não necessariamente sai de campo vencedor. Às vezes, a vitória fica com quem sabe sofrer. Nesta quarta-feira (14), foi a França.No estádio Al Bayt, em Al Khor, os atuais campeões mundiais lutaram para vencer o time de Marrocos, assim como já havia sido nas quartas de final contra a Inglaterra, mas saíram de campo novamente com um triunfo que os levou a diante.
Com gols de Theo Hernandez e Kolo Muani, fez 2 a 0 na heroica equipe marroquina.
No próximo domingo (18), às 12h (de Brasília), França e Argentina fazem a final da Copa do Mundo 2022, no estádio Lusail, onde as duas gerações de craques vão se chocar no duelo entre Messi e Mbappé.
Desde que foi campeã mundial em 1998, nenhum país chegou a mais finais de Copa do que os franceses, classificados pela quarta vez em 24 anos.
Antes da decisão, no sábado (17), Marrocos e Croácia disputam o terceiro lugar, às 12h (de Brasília), no estádio Khalifa.
Seja qual for o vencedor, os marroquinos vão deixar o Qatar com uma campanha marcante, sendo a nação africana que foi mais longe na história da competição.
Um feito alcançado com vitórias até então improváveis, sobre adversários com mais tradição no cenário internacional, como Bélgica, Espanha e Portugal, que levaram ao delírio milhares de marroquinos nos estádios e ao redor mundo, celebrando o sucesso de uma nação árabe na primeira Copa em um país no Oriente Médio.
No Al Bayt, além de serem maioria, faziam o time de Marrocos se sentir em casa, abafando o som dos franceses, além de pintar de vermelho as arquibancadas.
Nem mesmo quando a França abriu o placar logo aos 5 minutos, com Theo Hernandez, eles diminuíram o ritmo. Era a primeira vez que o país estava atrás no placar no torneio e mesmo assim o apoio era incondicional.
A equipe sentiu isso em campo. Embora a França tenha criado mais duas chances de ampliar, uma delas com Giroud livre na grande área, os marroquinos terminaram a primeira etapa mais próximos do empate.
Na melhor chance, Jawad El Yamiq acertou uma bola na trave de Lloris ao acertar uma bicicleta aos 44 minutos, depois de um cruzamento de Ziyech.
A parceria entre eles no ataque refletia uma importante característica do elenco marroquino, com metade de seus atletas nascidos na África, como Yamiq, e outra metade na Europa, como Ziyech, filho de migrantes, nascido na Holanda.
Depois do intervalo, a dupla, assim como os 11 jogadores de Marrocos, voltaram a mesma postura, em busca do empate. Criaram boas chances, mas desperdiçaram. Acabaram punidos aos 34 minutos, quando Muani fechou a conta.
A característica multiétnica também está presente na formação francesa, sendo justamente Mbappe um dos maiores exemplos. O pai dele é camaronês e a mãe argelina, mas ele nasceu em Paris e optou por defender os Bleus (Azuis).
Aos 23 anos, o craque terá, agora, a chance de fazer a equipe francesa igualar o Brasil de Pelé, última seleção com dois títulos mundiais consecutivos (1958 e 1962).
Se conseguir, vai colocar um ponto final no sonho do argentino de levar para casa a única taça importante que lhe falta. Aos 35 anos, ele já anunciou que será sua última chance. Será a segunda final dele, vice-campeão em 2014, quando viu a Alemanha ganhar o título no Maracanã.
Mbappe nunca sentiu um desgosto parecido. Até mesmo perder um jogo de Copa é algo que ele não está acostumado. Com duas edições no currículo, disputou 13 partidas no torneio e tem 100% de aproveitamento nas 11 em que foi titular.
Faz parte dessa lista, inclusive, a vitória sobre a própria Argentina nas oitavas de final da edição em solo russo, quando marcou dois dos quatro gols do triunfo por 4 a 3.
Apenas a Dinamarca (0 a 0), em 2018, e a Tunísia (1 a 0), em 2022, ambos pela fase de grupos, impediram o craque de sair de campo vitorioso. Nos dois casos, ele começou na reserva.
No maior palco do futebol mundial, rapidamente, ele se colocou entre os grandes. Já aos 19 anos, ele levou a França ao bicampeonato mundial na Rússia.
Com um gol na goleada sobre a Croácia na final, por 4 a 2, tornou-se o segundo jogador mais jovem a marcar em uma final de Copa desde que Pelé também balançou a rede na decisão de 1958, antes de completar 18 anos.
“Bem-vindo ao clube”, tweetou o Rei do Futebol na época, saudando o jogador com quem o brasileiro mantém um carinho mútuo.
Se conseguir brilhar novamente na segunda final que vai disputar, não só ele, mas a França também entrará para um seleto grupo, dos países com três títulos mundiais, do qual fazem parte Itália e Alemanha, ambos com quatro canecos, e o Brasil, maior vencedor, com cinco.
Coincidentemente, é o mesmo objetivo de Messi. Será uma grande decisão.