A futura ministra pediu o apoio da imprensa para aumentar a vacinação, ressaltando que as pessoas precisam ter o esquema vacinal completo contra a Covid-19. Ela salientou ainda um olhar especial para a vacinação infantil em contraponto às fake news, que desestimulam muitos pais a vacinarem os filhos.
Perguntada sobre o enfrentamento da Covd-19, diante do aumento de casos na China, Nísia respondeu que está analisando junto com a Organização Mundial de Saúde se se trata do surgimento de novas variantes ou de uma mudança na política de enfrentamento no país.
“Tudo em termos de pandemia tem que ser dito com muito cuidado. Por isso, uma das primeiras medidas vai ser restituir plenamente o Comitê Técnico Assessor de Imunização, que não vem funcionando com a força que deve ter, e também um comitê científico para a análise desses cenários da pandemia”, afirmou.
Nísia destacou que o relatório demonstra que a estruturação do SUS precisa ser atualizada diante dos atuais desafios.
“Não podemos esquecer um conjunto de políticas que tiveram retrocesso num país historicamente marcado por tantas desigualdades. E o SUS é uma política pública. Esse é um compromisso histórico que vai ser reforçado. É o meu compromisso, seguindo o que a maioria da população brasileira aprovou nas eleições e os ensinamentos de que uma gestão movida pelo diálogo e pelo aprofundamento nessas questões vai nos permitir realizar”, destacou.
Ela participou de todo o processo de elaboração do relatório, que agora será fundamental para a elaboração do Plano Nacional de Saúde e para as discussões da 17ª Conferência Nacional de Saúde.
“Ter participado do GT foi uma experiência de grande riqueza, foi uma imersão e uma tentativa de construção conjunta. Primeiro, de um diagnóstico difícil, porque faltavam dados essenciais”, disse.
Para Nísia, a saúde deve ser vista ao mesmo tempo como uma política social e uma grande política de estruturação para o desenvolvimento do país. Ela destacou que o SUS precisa retomar o seu papel histórico, pensando na participação social e em termos de futuro.
“Queremos manter essa chama de participação e de entrega de resultados”, disse. “A primeira tarefa, diz o relatório, é recuperar a confiança na capacidade de coordenação do Ministério da Saúde. Isso só é possível com o aprofundamento nas análises dos dados, e também com esse processo de gestão participativa, de diálogo com a sociedade”.
Os atos do atual governo mais importantes a serem revogados dizem respeito à saúde da mulher e da criança, como apontado no relatório do GT, disse. No caso do Complexo Industrial da Saúde, ela destacou a necessidade de o grupo ligado ao projeto incluir laboratórios públicos e a participação social.
Sobre nomes a comporem o Ministério da Saúde, Nísia deverá anunciar na próxima segunda-feira (2), mas Alckmin já havia citado Marcia Mota na chefia de Gabinete da ministra. A presidente da Fiocruz acrescentou ainda o nome de Swedenberger Barbosa para a Secretaria-Executiva. Outra novidade é a criação da Secretaria de Saúde Digital.
“Hoje é impossível pensar em política de saúde sem pensar na qualidade dos dados e sua boa análise.” Quanto às filas para cirurgias e exames, a futura ministra disse que o MS vai trabalhar buscando a integralidade no nível da atenção primária e não descartou mutirões. “As soluções serão diferentes porque o território brasileiro tem diferentes situações”.
No evento, Alckmin destacou que a saúde é uma das áreas prioritárias para o novo governo. Ele afirmou que nos últimos anos várias áreas “andaram para trás”, mas que o maior retrocesso foi registrado na saúde.
“Até o PNI, que era exemplo no mundo, teve uma enorme perda, a ponto de termos hoje cerca de 50% das crianças entre 4 e 5 anos sem o reforço para poliomielite”, disse, acrescentando entre os retrocessos o represamento de exames e cirurgias, além do corte de verbas para o Programa Farmácia Popular.
O vice-presidente eleito Alckmin destacou oportunidades na área, como a PEC da Transição, que deverá garantir R$ 22 milhões para a saúde. O vice-presidente eleito afirmou ainda que uma área que poderá avançar é a do Complexo Industrial da Saúde.
Chioro, por sua vez, destacou o trabalho intenso do GT, que enfrentou “o apagão cibernético que a saúde vive hoje”, e que vai desde a falta de informações sobre insumos até sobre o prazo de validade dos medicamentos.
O grupo apontou 25 pontos estratégicos, dos quais destacou três: fortalecer a capacidade de gestão do SUS; reestruturar o PNI para recuperar as altas coberturas vacinais; e fortalecer a resposta à Covid-19 e outras emergências.
Já Temporão acrescentou que o relatório pode ser visto como “um diagnóstico, um guia para os primeiros meses do novo Ministério da Saúde”.
(Com informações da Agência Fiocruz de Notícias)
Este conteúdo foi originalmente publicado em Fortalecimento do PNI será grande meta desde o primeiro dia, diz Nísia Trindade no site CNN Brasil.