O levantamento aponta que, de 2010 a 2021, a área de garimpo passou de 99 mil hectares para 196 mil hectares. Em comparação, a de mineração industrial demorou 20 anos para aumentar de 86 mil hectares para 170 mil.
Pará, especialmente, e Mato Grosso são os estados que concentram a atividade garimpeira, com quase 92% da área toral.
Já a mineração industrial está concentrada principalmente em Minas Gerais, responsável por 36% da área do setor. Em seguida, aparece o Pará, com 24%.
Há diferenças entre o que o MapBiomas classifica como garimpo e como mineração industrial. No garimpo, de forma geral, estão concentradas as extrações de ouro –predominante– e estanho. A mineração industrial tem mais diversidade, com exploração de ferro, alumínio e outros produtos.
Os dois tipos considerados pelo levantamento se diferenciam também pela escala da operação: enquanto o garimpo é baseado em técnicas mais simples, como pás escavadeiras e bombas de sucção, a mineração industrial é caracterizada por ações em uma escala maior, segundo Cesar Diniz, coordenador-técnico do mapeamento de mineração do MapBiomas.
Um dos problemas apontados pelos dados está na expansão do garimpo em áreas protegidas. Segundo o levantamento, de 2010 até 2021, houve um crescimento de 625% da área garimpada nos territórios indígenas, uma exploração que é ilegal.
"Pelo menos, 12% do garimpo nacional é necessariamente ilegal. Essa é a quantidade de garimpos que existe dentro de áreas restritas à atividade garimpeira, que são terras indígenas e unidades de conservação de proteção integral. Nessas regiões não pode existir garimpo", afirma Diniz. "Fora desses 12%, espera-se que exista um contingente de ilegalidade muito maior."
A concentração da garimpo na Amazônia acaba sendo importante por causa dos impactos ambientais envolvidos na atividade econômica. O presidente Jair Bolsonaro (PL) defende a liberação de exploração mineral dentro de terras protegidas, como áreas indígenas. Além disso, há projeto no Congresso que segue na mesma linha.
O levantamento do MapBiomas sobre mineração inclui dados do CPRM (Serviço Geológico Brasileiro), da Ahk Brasilien (Câmara de Comércio e Indústria), do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), do Isa (Instituto Socioambiental) e utilização de um algoritmo de deep learning.