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O castelo de areia ruiu: acampamento bolsonarista é desmontado em Campo Grande

Por Midia NAS em 10/01/2023 às 18:02:21

Foi na tarde do dia 31 de outubro que um grupo composto por cerca de 200 pessoas desceu a Avenida Afonso Pena até chegar no cruzamento com a Avenida Duque de Caxias, no trecho em frente a sede do Comando Militar do Oeste (CMO), para protestar contra o resultado do segundo turno eleitoral ocorrido um dia antes, no qual o então presidente Jair Bolsonaro (PL) acabou derrotado pelo candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Entretanto, o que parecia ser apenas uma passeata acabou se tornando um campo de concentração, com barracas para acampamento e uma estrutura de dar inveja para muitas famílias carentes da cidade, com banheiros químicos, água gelada e refrigerante, refeições até três vezes ao dia e até geradores de energia. O espaço tinha picos de movimento intenso, com a presença de trio elétrico, fogos de artíficio, buzinaço e grande circulação de veículos.

O acampamento tomou conta de todo o canteiro central da avenida, bloqueando a ciclovia e deixando apenas uma pista de rolagem para a passagem dos veículos no sentido centro-bairro. Durante os dias seguintes, os manifestantes promoveram uma série de eventos para estimular a presença do público no ato. Por vezes, lideranças politicas ligadas ao presidente derrotado Bolsonaro foram vistas entre a multidão e até mesmo discursando no carro de som, incentivando o movimento.

O castelo de areia ruiu: acampamento bolsonarista é desmontado em Campo Grande
Bolsonaristas durante ato já realizado em frente ao CMO, em Campo Grande (Foto: Reprodução/Redes Sociais

Os dias foram passando até que o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou o desbloqueio de todas as rodovias, ruas e avenidas do País que estavam sendo interditadas pelos bolsonaristas sob a pena de multa na ordem de R$ 100 mil. Ele determinou, ainda, a identificação dos veículos utilizados para bloquear as vias. Apesar disso, com a falta de fiscalização por parte dos órgãos de segurança pública locais, o acampamento persistiu.

Ainda no mês de novembro, moradores do entorno da área ocupada pelos bolsonaristas procuraram ajuda pela imprensa e até mesmo na Câmara Municipal de Campo Grande por não suportarem mais todos os transtornos causados pela aglomeração, como sons, ruídos e dificuldades de acesso por conta do bloqueio no trânsito. O presidente da Câmara, Carlão Augusto Borges, o Carlão (PSB), informou que já havia conversado com a prefeita Adriane Lopes sobre a situação, porém, mais uma vez nada foi feito na prática.

“Este grupo, aqui agora, não aguenta mais a situação. Viemos pedir intervenção jurídica da Câmara para que a Lei seja cumprida. Existe uma legislação de trânsito, de poluição sonora e outras. Queremos que atuem em cima de Lei que já existe. A cidade, não precisa de autorização "superior", da Justiça, do STF (Supremo Tribunal Federal), de nada. Basta cumprir as muitas legislações, Municipal“, protestou morador contra situação anormal do tido "protesto".

Pelas redes sociais, vários vídeos foram compartilhados mostrando a grande aglomeração de Campo Grande, que chegou até mesmo a ser "exemplo" para o resto do Brasil, conforme legendaram alguns seguidores bolsonaristas. Nos vídeos, manifestantes eram vistos cantando o hino nacional, fazendo horação no meio da rua e gritando para os soldados que entravam e saiam do quartel para que "tomassem o poder" em uma espécie de "Golpe de Estado".

O castelo de areia ruiu: acampamento bolsonarista é desmontado em Campo Grande
Multidão participou do protesto em frente ao CMO (Foto: Redes Sociais)

O tempo foi passando e o acampamento permaneceu no local, inclusive em datas festivas como o Natal e o Ano Novo, porém, com a ausência e afastadamento midiático do ex-presidente Jair Bolsonaro, os manifestantes foram perdendo força e o movimento acabou sendo reduzido diariamente, sobrando algumas poucas pessoas fazendo uso da estrutura.

Para tentar não acabar, as lideranças promoveram ações nas redes sociais convocando os eleitores bolsonaristas, acreditando que seria possível mudar o resultado das urnas. Sobrou até mesmo para os colegas das imprensa que, ao fazerem a cobertura diária do acampamento bolsonarista, acabaram por mais de uma vez agredidos pelos presentes que, ironicamente, defendiam a própria Constitituição, ou assim diziam quando perguntados.

Entretanto, o próprio Jair Bolsonaro, ídolo dos desiludidos, surpreendeu ao abandonar o barco e o seu próprio povo. O político, completamente abatido pela derrota e fragilizado por não ter o que fazer para mudar o cenário, resolveu fugir para os Estados Unidos sem dizer "adeus". Sem a sua figura por perto, seus seguidores foram para o "tudo ou nada" e em um ato antidemocrático invadiram, quebraram e furtaram as sedes do Congresso Nacional e do STF no último domingo (08).

O resultado do movimento foi uma prisão em massa de bolsonaristas e seus financiadores, bem como a última e definitiva ordem do STF para desmontar todos os acampamentos em frente aos quartéis do País, entre eles o de Campo Grande, que já perdurava mais de dois meses. Nesta terça-feira (10), a estrutura foi levada por caminhões da Prefeitura Municipal colocando um ponto final neste marco histórico da política brasileira.

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