A circulação da subvariante XBB.1.5 do coronavírus poderá levar ao aumento no número de casos de Covid-19 a nível global. O alerta foi feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta semana.
Apesar disso, o Grupo Consultivo Técnico sobre Evolução de Vírus (TAG-VE, em inglês), que assessora a organização, classificou como "baixa" a avaliação de risco da subvariante, que é um recombinante de outras sublinhagens da Ômicron. A subvariante altamente transmissível tem sido associada ao aumento significativo de infecções nos Estados Unidos.
Cientistas identificaram o primeiro caso de Covid-19 no Brasil causado pela variante XBB.1.5 do coronavírus no início de janeiro. O caso confirmado pela Rede Dasa é de uma paciente de 54 anos de Indaiatuba, no interior de São Paulo. De acordo com a Dasa, a amostra foi coletada em novembro de 2022, mas a confirmação da nova variante ocorreu apenas recentemente.
A CNN consultou o Ministério da Saúde sobre a avaliação de risco quanto ao possível aumento de casos da doença no país e se estão previstas mudanças nos protocolos de prevenção.
Em nota, o ministério respondeu que monitora atentamente o cenário epidemiológico da Covid-19 no Brasil, assim como a evolução da cobertura vacinal e as inovações tecnológicas de prevenção e tratamento contra a doença.
Para reduzir os riscos de transmissão, a pasta reforçou a necessidade de adotar medidas de prevenção e controle descritas no Guia de Vigilância Epidemiológica da Covid-19.
O documento orienta medidas de prevenção não farmacológicas, incluindo distanciamento físico, etiqueta respiratória, higienização das mãos, uso de máscaras, limpeza e desinfeção de ambientes, isolamento de casos suspeitos e confirmados, bem como a quarentena dos seus contatos.
Segundo o ministério, a ampliação da cobertura vacinal contra a Covid-19, incluindo a aplicação de doses de reforço, é um dos principais métodos para reduzir os riscos de surtos da doença no Brasil.
"Além disso, orienta sobre a importância de completar o esquema vacinal com as doses de reforço indicadas para cada público, garantindo assim a máxima proteção contra o vírus e suas variantes, e recomenda que estados e municípios realizem a busca ativa da população que ainda possui doses em atraso", diz o ministério em nota.
A orientação é reforçada pelo médico infectologista Álvaro Furtado, do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).
"Essa variante é mais transmissível, para os mais vulneráveis a máscara é importante, principalmente em lugares fechados. Além disso, o mais importante é as pessoas completarem o esquema vacinal e esperarem chegar as vacinas bivalentes no Brasil, que têm uma performance melhor para as subvariantes da Ômicron", diz.
A pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) Marilda Siqueira afirma ser difícil prever o impacto da circulação da subvariante XBB.1.5 no país, mas enfatiza a necessidade de ampliação da cobertura vacinal e da adoção de medidas de prevenção.
"É muito difícil anteciparmos qual pode ser o tamanho de uma nova onda. Temos uma população vacinada, mas precisamos melhorar a taxa de reforço. Isso é muito importante para todos os grupos: tanto populações vulneráveis, como idosos e portadores de doenças crônicas, quanto adultos e jovens, que ainda têm baixa taxa de reforço", disse.
O pesquisador José Eduardo Levi, da Universidade de São Paulo (USP), avalia que não há necessidade da retomada de protocolos de restrição como o fechamento de fronteiras e a proibição de voos com destino ao Brasil.
"Não tem nada de diferente para essa variante que já não esteja sendo feito ou que deveria estar sendo feito para a Covid em geral. Como ela é muito transmissível, é importante proteger basicamente os mais frágeis. Usar máscara no contato com os idosos e, principalmente, que todos estejam com a vacinação em dia, principalmente os mais vulneráveis", diz Levi.
Especialistas recomendam que, diante do aumento da circulação viral, devem ser reforçadas medidas de prevenção individual.
"Também precisamos reforçar o uso de máscaras em locais fechados, em aglomerações e em contato com pessoas vulneráveis, como ocorre em hospitais, clínicas e asilos. Além disso, devemos continuar com a vigilância genômica, reforçando as estratégias de amostragem para monitorarmos as linhagens em circulação no Brasil", diz Marilda.
O Ministério da Saúde orienta que a primeira dose de reforço, recomendada para pessoas a partir de 5 anos de idade, deve ser aplicada quatro meses depois da segunda dose ou dose única. A segunda dose de reforço, no momento, é recomendada pela pasta para a população acima de 40 anos de idade e trabalhadores da saúde, independentemente da idade.
Os imunizantes recomendados para as doses de reforço em pessoas a partir de 18 anos de idade são da Pfizer, AstraZeneca ou Janssen. Para crianças de 5 a 11 anos, deve ser usada a vacina pediátrica da Pfizer. Para adolescentes entre 12 e 17 anos, deve ser utilizada preferencialmente a vacina da Pfizer. Caso não esteja disponível, pode ser utilizada a vacina Coronavac.
Para quem começou o esquema vacinal com a dose única da Janssen, a recomendação é a seguinte: três reforços para pessoas com idade igual ou maior que 40 anos e profissionais da saúde, e dois reforços para pessoas de 18 a 39 anos. O primeiro reforço é aplicado dois meses após o início do ciclo e os outros devem obedecer o intervalo de quatro meses. A orientação é que também sejam utilizadas as vacinas AstraZeneca, Pfizer ou a própria Janssen.
De acordo com o ministério, as recomendações foram feitas a partir de estudos que demonstram que a capacidade de gerar resposta imune, chamada imunogenicidade, após aplicação de doses de reforço heterólogas, com combinação diferente de vacinas contra a Covid-19, foi adequada e superior a esquemas sem doses de reforço.