Claudineia Brito da Silva morreu na Santa Casa de Campo na noite de sexta-feira (13), foi o primeiro feminicĂdio de 2023 registrado em Mato Grosso do Sul. A vĂtima, de 49 anos foi assassinada pelo companheiro, de 41 anos, na tarde de ontem, no Bairro São Francisco, em Campo Grande.
O homem, que jĂĄ estava foragido por um processo de violĂȘncia doméstica, foi preso em flagrante na mesma região que o crime aconteceu. A vĂtima foi socorrida, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na Santa Casa da Capital poucas horas após ser esfaqueada.
A delegada Larissa Franco Serpa da Deam (Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher) conversou com o Jornal Midiamax nesta manhã de sĂĄbado (14). A autoridade confirma que o assassino segue preso no local e deve passar por uma audiĂȘncia de custódia.
Larissa também comenta sobre a importância da denĂșncia e os ciclos da violĂȘncia doméstica.
"A denĂșncia é muito importante. 90% das mulheres que foram vĂtimas de feminicĂdio não realizaram denĂșncias contra seus companheiros. A violĂȘncia doméstica não atinge apenas a vĂtima, mas afeta a famĂlia e toda a sociedade", disse.
É comum que muitas pessoas ainda não vejam as agressões psicológicas como forma de violĂȘncia. Mas, se existisse uma escala desse tipo de ataque contra a mulher, o primeiro estĂĄgio seria o da violĂȘncia psicológica, que pode culminar em feminicĂdio.
"O feminicĂdio é o estopim da violĂȘncia doméstica. A violĂȘncia começa verbal e vai evoluindo. É importante que a mulher perceba sinais antes que algo mais grave aconteça. Não existe só a violĂȘncia fĂsica, psicológica e patrimonial. Ela conseguindo identificar, certamente vai romper o ciclo da violĂȘncia", explicou.
Claudineia sofreu cortes no pescoço, na região da nuca e devido à gravidade foi atendida pela Ursa (Unidade de Resgate e Suporte Avançado), sendo encaminhada para o hospital.
Durante o registro policial da tentativa de feminicĂdio, a polĂcia descobriu que havia um mandado de prisão aberto para o homem.
Em 2010, ele jĂĄ havia sido preso por violĂȘncia doméstica em Campo Grande, o processo na justiça começou a correr em 2011, mas teve o prazo alterado duas vezes por conta de feriados e atualmente estĂĄ suspenso.
De acordo com a famĂlia do homem, ele tinha histórico frequente de brigas com a companheira, mas nunca a ponto de um deles precisar de atendimento médico. Alcoólatras, os dois viviam juntos hĂĄ pelo menos 4 anos.