Presidente da Venezuela argumenta sobre “novos polos de poder” e cita eventual aliança com Rússia e China
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, contou que conversou com ao menos três presidentes de esquerda, entre eles Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sobre a eventual formação de um bloco político de países latinos.
“Eu estava conversando sobre isso com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por telefone outro dia. Eu falei pessoalmente com o presidente Gustavo Petro e falei com o presidente Alberto Fernández. Está chegando um momento novo, um momento especial, para juntar os esforços e caminhos do povo da América Latina e Caribe para avançar na formação de um poderoso bloco de forças políticas”, disse Maduro.
Na visão do presidente venezuelano, o bloco político construiria “novos polos de poder”, em uma suposta aliança com a China e Rússia, dos quais os respectivos presidentes foram chamados por Maduro de “irmãos mais velhos”.
"Essa comunidade de destino partilhado, de que fala nosso irmão maior, o presidente Xi Jinping. Ou aquele mundo multipolar e multicêntrico, de que fala nosso irmão maior, o presidente Vladimir Putin”, acrescentou. “Para que esse mundo chegue, é preciso um bloco latino-americano e caribenho unido e avançado. E a Venezuela se coloca à frente da batalha pela construção desse mundo.”
As declarações foram feitas pelo ditador durante discurso na Assembleia Nacional, na quinta-feira (12). O órgão é controlado pelo regime de Maduro, assim como o Executivo e o Judiciário.
A reportagem acionou o Palácio do Planalto e aguarda retorno. O espaço está aberto para manifestação.
O venezuelano é próximo de Lula e foi convidado para a cerimônia de posse do petista, em 1º de janeiro, mas não compareceu ao evento. Em princípio, estava em vigor uma portaria, editada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que proíbe o ingresso no país de “altos funcionários do regime venezuelano”.
Datada de 2019, a medida é assinada pelos então ministros Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores). A justificativa é que os atos do atual regime venezuelano “contrariam princípios e objetivos da Constituição Federal, atentando contra a democracia, a dignidade da pessoa humana e a prevalência dos direitos humanos”.
No final do ano, porém, a portaria foi revogada, o que permitiu a entrada de Maduro no Brasil. No entanto, o ditador não compareceu ao evento e enviou um representante em seu lugar – o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez.
Fonte: R7