A falta de informações científicas sobre o cumbaru (ou simplesmente baru) é um dos entraves para que a árvore, cuja semente é considerada a "castanha do cerrado", seja produzida em larga escala. Para contribuir nesse cenário, estudo no Centro de Pesquisa e Capacitação da Agraer (Cepaer) analisará aspectos produtivos e físicos de plantas com ao menos uma década de existência.
Trata-se da continuação de uma pesquisa realizada entre 2012 e 2014 coordenada pelo engenheiro agrônomo doutor em produção vegetal Edimilson Volpe. "Na época, nós fizemos a implantação de um sistema silvipastoril, ou seja, integração lavoura-floresta-pecuária. Em uma área do Cepaer, plantamos cumbaru com quatro espaçamentos diferentes em um pasto degradado, metade cercada e o restante em contato direto com bovinos", explica o pesquisador.
Segundo ele, embora os resultados tenham mostrado aspectos importantes no plantio inicial da árvore nativa, o objetivo central era observar como era o desenvolvimento da espécie, já que na época a quantidade de informações sobre ela era praticamente zero.
Agora, diz Edimilson, é hora de avançar mais um passo com relação a esse cultivo. "Nós vamos voltar àquelas mesmas árvores plantadas em 2012, que já estão grandes, e avaliar, entre outras coisas, diâmetro do caule, produção de frutos, altura e volume de madeira produzida. Além disso, renovaremos parte da pastagem ao redor para comparar com a área sem adubação e sem árvores, qualidade do capim sob a sombra do cumbaru, testar os índices de conforto térmico animal e medir o sequestro de carbono pelo sistema", adianta o doutor em produção vegetal.
O pesquisador acrescenta ainda que falar na "castanha do cerrado" ainda é entrar em um terreno desconhecido, pois as pesquisas e o conhecimento sobre o cultivo da espécie ainda são incipientes.
"Se fala muito sobre a árvore, mas nas condições da natureza. Ainda não se plantou, mediu produtividade. Temos estudos de algumas árvores nativas, mas nada como espécie cultivada", afirma.
Características e Relevância
Edimilson explica que a árvore de cumbaru produz frutos cuja polpa é rica em carboidratos e nutrientes e concentra quase metade do peso. O que se chama de caroço, na verdade é o endocarpo que guarda a semente, que é vendida torrada no varejo na faixa de R$ 100 o quilo.
"Nós sabemos pela imprensa que em Goiás já tem gente plantando e comercializando para empresas que revendem nos Estados Unidos", afirma o doutor em produção vegetal.
Além disso, a própria polpa é bastante nutritiva para os animais. As vacas, conforme Edimilson, mascam a fruta sem engoli-la e descartam o endocarpo. "Desde que se começou a falar nesse potencial, muitos produtores pararam de cortar as árvores e passaram a mantê-las em pastagens, o que em si já é um grande avanço para a espécie nativa. Nós do Cepaer já fizemos inclusive dias de campo sobre o tema", conclui Edimilson.