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ONG de Dourados recebeu R$ 872 milhões com programa de saúde indígena


Após imagens de indígenas yanomamis na região norte do País padecendo por conta de severas doenças e desnutrição virem à tona nesta semana, o jornal O Globo apurou que somente uma ONG Evangélica localizada em Dourados recebeu do governo federal nos últimos 4 anos R$ 872 milhões, quase o dobro da segunda entidade que mais recebeu recursos, o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueiredo, com R$ 462 milhões, que fica localizado em Recife, Pernambuco. O que elas têm em comum? atuam junto à assistência de saúde indígena

O presidente da Urihi Associação Yanomami, Júnior Hekurari Yanomami, disse ao jornal O Globo que a ONG é responsável apenas pela contratação de funcionários, como médicos e enfermeiros, mas que estes profissionais não têm entrado nas terras indígenas nos últimos quatro anos. Ou seja, tudo indica que salários podem ter sido pagos, mas sem a execução correta do serviço.

Para as terras indígenas Yanomamis, o Portal da Transparência mostra que R$ 51 milhões de um orçamento de R$ 59 milhões em 2022 foram executados. Júnior Hekurari Yanomami disse que a maior parte desses recursos foi utilizada para a contratação de empresas de transporte aéreo, como aviões e helicópteros, que levam médicos e funcionários à região.

“O que houve foi descaso e crime. O dinheiro foi mal gasto e mal planejado. Quase tudo foi gasto com “aéreo”. Avião e helicóptero para levar profissionais dentro do território, mas apenas na hora da emergência, quando muitas vezes já é tarde demais”, afirmou Júnior.

Invadida por garimpeiros, Terra Indígena Yanomami tem dezenas de crianças com desnutrição devido à escassez de alimentos — Foto: Condisi-YY/Divulgação

Criada na década de 1920 e instalada na aldeia Jaguapiru, a ONG Evangélica tem hospital de atendimento à comunidade indígena douradense e há pouco mais de uma década passou a disputar licitações do governo federal para fornecer mão de obra na área da saúde em comunidades indígenas espalhadas pelo país.

Com isso, passou receber recursos vultuosos e a atuar em diversas regiões, como na terra indígena Yanomami, local onde segundo o Ministério dos Povos Indígenas, pouco mais de 500 crianças foram mortas nos últimos 4 anos pela contaminação por mercúrio, desnutrição e fome. Entre as medidas que ainda estão sendo definidas pelo atual governo federal está a instalação de hospitais emergenciais e a entrega de mantimentos.

Ao Campo Grande News, a ONG Evangélica se manifestou por meio do advogado Cleverson Daniel Dutra, que rebateu irregularidade nos convênios com o governo federal e disse que a ONG não tem qualquer responsabilidade pela situação atual dos yanomamis, pois a entidade tem apenas a função de contratar profissionais para atuarem nas ações do governo federal em saúde indígena. Ou seja, contrata os profissionais e paga os salários e demais encargos da contratação. Ele ainda descartou a possibilidade de contrato de aviões.

Dourados Notícias Destaque-4

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