Ao todo, o Chelsea gastou em contratações nas últimas janelas de transferências, sem contar com valores adicionais e bônus, 460 milhões de euros (mais de R$ 2,5 bilhões). Esses números altos colocaram em dúvida se o clube estaria infringindo o Fair Play Financeiro da Uefa. Em vigor desde junho do último ano, as regras preveem que os clubes gastem até 90% das receitas totais no primeiro ano, 80% na segunda temporada e 70% a partir de 2025/2026 em diante.
Somente contabilizando as contratações e vendas de jogadores, o Chelsea teve um déficit financeiro de 404 milhões de euros. Para "driblar" essas regras da Uefa e de fair play financeiro, o clube utiliza uma estratégia semelhante à das ligas americanas: espalhar o valor pago para os jogadores ao longo dos anos de contrato. Mykhaylo Mudryk, por exemplo, assinou um contrato de oito anos com o Chelsea, até junho de 2031. Os 100 milhões de euros, acertados no momento de sua contratação, serão pagos pelo clube ao longo das próximas temporadas - cerca de 12,5 milhões por ano.
Fofana, com contrato até 2029, e Cucurella, 2028, são outros que estariam nestas movimentações financeiras do Chelsea. Para impedir que isso aconteça com outras equipes, a Uefa planeja alterar as regras de pagamento das taxas de transferência em até cinco anos após a contratação. Os clubes poderão continuar a firmar acordos com jovens talentos, como Mudryk, por mais de cinco anos, mas os valores devem ser pagos antes do final do contrato - caso este seja superior a meia década.
Atualmente, a Uefa permite, com essas novas regras estabelecidas em junho, que os clubes acumulem um déficit financeiro de até 60 milhões de euros (R$ 330 milhões) em três anos. Em setembro de 2022, a Uefa puniu oito clubes que infringiram o Fair Play Financeiro: Inter de Milão, Juventus, Milan e Roma, da Itália; Monaco, Olympique de Marselha e Paris Saint-Germain, da França; e Besiktas, da Turquia. Somados, os clubes deverão pagar 172 milhões de euros (cerca de R$ 950 milhões) à entidade.
Para a Uefa, é sua responsabilidade garantir que os clubes não corram o risco de se endividar. No caso do Chelsea, ao estender os gastos na contratação de um jogador ao longo dos anos, o clube está limitando a possibilidade de realizar novas contratações. Além disso, outras equipes poderiam seguir o exemplo do Chelsea e, sem controle financeiro, acabarem por se endividar.