Para finalizar o levantamento, marcado por atrasos, o instituto tenta reduzir as recusas de parte da população em receber os recenseadores.
"Após seis meses em campo, um dos principais desafios para a conclusão do Censo 2022 é o número alto de recusas para responder ao questionário. No país, a taxa média chega a 2,43%, em dados atualizados no último dia de janeiro", afirmou o IBGE.
"Esse percentual é consideravelmente maior em localidades onde há maior concentração populacional. Em São Paulo, que lidera o ranking entre os estados, a taxa de recusas é de 4,49%, o que equivale a cerca de 720 mil domicílios em que o morador se recusou a prestar informações ao IBGE", completou.
O órgão já destacou em outras ocasiões que há risco de multa para quem negar o fornecimento dos dados estatísticos, protegidos por sigilo.
Iniciada em agosto, a coleta das informações do Censo estava prevista para ser concluída em três meses, até outubro do ano passado.
O trabalho, porém, já leva o dobro da estimativa inicial. Ao longo da pesquisa, o IBGE relatou dificuldades para contratar e manter em campo os recenseadores.
Parte desses trabalhadores, contratados de maneira temporária, reclamou de atrasos em pagamentos e de valores em nível abaixo do esperado. Houve desistências e ameaça de greve ao longo da coleta.
Nesta quinta, o IBGE disse que a cobertura dos setores censitários (espaços de divisão do território) foi praticamente concluída em janeiro.
Em fevereiro e março, o instituto planeja seguir com o processo de revisão, controle de qualidade e apuração do Censo. Nessa etapa, estão previstas, por exemplo, tentativas de reversão de recusas e revisitas a domicílios com moradores ausentes.
"A previsão é de que o IBGE divulgue os resultados definitivos do Censo referentes à população dos municípios em abril de 2023", afirmou o órgão.
Em dezembro, o instituto havia sinalizado que pretendia publicar os dados em março.
Desde o início da operação, em 1º de agosto, até o dia 31 de janeiro, foram recenseadas 185,8 milhões de pessoas no país. O contingente representa cerca de 89,45% da população calculada na prévia do Censo (207,8 milhões de pessoas), divulgada em dezembro.
O resultado prévio foi publicado devido à necessidade do IBGE de encaminhar dados populacionais para o TCU (Tribunal de Contas da União). O repasse baliza os cálculos do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), fonte de recursos das prefeituras.
A metodologia usada, porém, foi alvo de contestações na Justiça de municípios que perderam população com as estatísticas parciais e, consequentemente, receitas do fundo.
Em janeiro, o ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), concedeu uma liminar restabelecendo a divisão anterior dos recursos.
Nos anos de Censo, são enviados ao TCU os dados do próprio recenseamento. Mas, como a coleta de 2022 só será finalizada em 2023, o instituto teve de fazer adaptações na metodologia da prévia, utilizando projeções para complementar os resultados apurados nos domicílios até 25 de dezembro.
Nos anos sem Censo, o IBGE compartilha as chamadas estimativas populacionais com o TCU. Essas projeções seguem um modelo de tendência a partir dos dados do último Censo concluído -neste caso, seria o de 2010.
O número de brasileiros já recenseados corresponde a 87,11% da estimativa da população divulgada em 2021 (213,3 milhões).