Diego é suspeito de ter feito os disparos que atingiram o carro blindado em que a jornalista estava com outras quatro pessoas. Na época, ela concorria à prefeitura de São Vicente pelo PSDB. Policiais de uma equipe tática da Polícia Militar desconfiaram do condutor de uma picape que reduziu a velocidade e encostou à direita quando a viatura se aproximou. Na abordagem, o homem alegou que estava sem documentos, mas forneceu os dados verbalmente.
Durante a checagem, os policiais confirmaram que se tratava de procurado pela Justiça. O acusado foi encaminhado para a Central de Polícia Judiciária de Praia Grande e deve ficar preso até o julgamento, ainda sem data marcada. Devido à natureza do crime, ele será levado a júri popular. Além da tentativa de homicídio, Diego responde pelo crime de porte ilegal de arma de uso restrito.
Diego Pinto é o segundo envolvido preso pelo crime. O ex-policial militar rodoviário Gustavo de Souza Militão Pavlik foi julgado em setembro do ano passado e condenado a cinco anos de prisão pela participação no atentado.
Devido à condenação, Pavlik perdeu também o cargo público na PM paulista. A defesa dele entrou com recurso para anular o julgamento, mas ainda não houve decisão. O advogado de Solange, que atuou como assistente de acusação, também entrou com recurso para aumento da pena.
À reportagem, Solange disse ter esperança de que o mandante seja identificado e também responda pelo crime. As investigações apontaram a natureza política do crime, mas não identificaram quem arquitetou o ataque.
"As duas pessoas que foram presas, eu não as conhecia, nunca ouvi falar delas. Eles foram mandados por alguém que queria me tirar do processo eleitoral. Foi uma campanha complicada. Desde o primeiro dia que saí da TV e anunciei a candidatura, era ataque pela internet o tempo todo."
A deputada eleita lembra que o ataque aconteceu há quatro dias das eleições, quando ela estava à frente nas pesquisas. "As investigações terminaram, mas, infelizmente, ficou essa lacuna. Espero que a gente possa provar quem foi o mandante. É o mais importante", disse.
A jornalista, que agora se dedica à política, escreveu o livro "Um inimigo chamado poder", onde revela os bastidores da campanha de 2020, os ataques que sofreu de adversários políticos. Ela fala também sobre a tentativa de assassinato.
"Não é fácil relembrar tudo o que sofri na época e, toda vez que tem algo novo sobre o atentado, sinto um aperto no coração, mas também fico aliviada, pois é a verdade que vai aparecendo. Agora, a esperança é de que o nome do mandante seja revelado", disse.
Ataque aconteceu em 2020
O ataque aconteceu na manhã de 11 de novembro de 2020, quando Solange estava em atividade de campanha, no bairro Voturuá, em São Vicente. Um motociclista se aproximou do carro em que ela estava com outras quatro pessoas - o candidato a vice e três assessores - e efetuou pelo menos cinco disparos.
Os tiros atingiram o vidro lateral do banco do passageiro, onde Solange costumava se sentar. Naquele dia, ela estava no banco de trás. Os projéteis, no entanto, não perfuraram a blindagem e ninguém ficou ferido. O atirador fugiu.
A candidata usava carro blindado porque já havia sido ameaçada de morte. No dia 14 de outubro, um dos comitês de sua campanha foi incendiado. As investigações levaram ao policial militar e a Diego Pinto, mas a motivação do atentado ainda não foi esclarecida.
Solange foi para o segundo turno, mas acabou derrotada. Em 2022, já no União Brasil, ela concorreu a deputada estadual e se elegeu com 81.870 votos. Seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo começa no dia 15 de março.
A reportagem entrou em contato com a defesa de Diego Nascimento Pinto e ainda aguarda retorno.