O laudo necroscópico confirmou que a "Estrelinha", de 11 anos, foi estuprada antes de ser assassinada. O crime aconteceu no dia 11 de dezembro de 2022, no Bairro Nossa Senhora das Graças, em Campo Grande.
A informação do estupro foi confirmada pela Delegada Anne Karine, titular da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente).
Vizinhos dizem que "rua ficou sem cor"
"A rua está sem graça e ficou sem cor", assim começa o depoimento de um dos vizinhos da "Estrelinha". Por ser "abandonada" pela mãe, os moradores "abraçaram" a garota e os seus irmãos mais novos, de dois e um ano.
Uma vizinha de 35 anos ficou tão abalada com a morte da garota que até pediu afastamento do trabalho. Ela se lembra dos momentos felizes que passou ao lado das crianças e se emociona ao conversar com a equipe de reportagem do Midiamax.
"A rua ficou sem graça e sem cor. Ela era a melhor amiga da minha filha que até hoje não sabe da morte. Foi algo muito triste. Fizeram muita maldade. Sempre estavam na minha casa, servia janta quando a mãe deles estava no bar. Ainda estamos muito abalados. Sou vendedora de uma loja e até pedi afastamento. É uma tristeza sem fim. Uma menina tão boa morrer de uma forma tão cruel. Ela tinha uma vida pela frente", disse emocionada.
Luciana Torres, de 48 anos, também conviveu muito com Estrelinha. Apesar de ter vários problemas familiares, a menina era conhecida por estar sempre alegre.
"Tenho a esperança de um dia conseguir encontrar a Estrelinha no céu. Tinha uma vida muito difícil, mas sempre estava sorrindo. Sofria tanto em casa, precisava cuidar dos irmãos mais novos e mesmo assim era alegre. Era responsável para a idade. Era a menina dos olhos de Deus".
Uma vizinha de 73 anos disse que quem apelidou a garota de Estrelinha foi seu neto. Ela se lembra com carinho da menina e diz que sente falta de vê-la brincando na rua como sempre fazia.
"Ela amava virar estrelinha aqui pela rua e meu neto passou a chamá-la assim. A gente sempre a via brincando. Depois que chegava da escola ela sempre ficava com os irmãos e as crianças daqui. Sentimos muita falta da Estrelinha", salientou a idosa.
Crime
A menina foi estuprada e assassinada por volta das 22h do dia 11 de dezembro. A mãe foi levada para a delegacia por deixar os três filhos sozinhos na residência, enquanto foi a um bar próximo.
Quando o Corpo de Bombeiros chegou ao local, a vítima estava no chão, inconsciente e com sangue ao lado do corpo. Os irmãos mais novos da menina também estavam no imóvel quando o crime aconteceu.
Ela ainda chegou a ser socorrida, mas acabou morrendo. O criminoso era conhecido da mãe das crianças. Ele invadiu e abordou a vítima na cozinha. O bandido estuprou e matou a menina no local. Partes do corpo da garota ficaram dilaceradas.
Mãe presa
Na manhã após o crime, a mãe da menina prestou depoimento na Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher). Segundo a delegada Karen Viana de Queiroz, ela seria garota de programa. O assassino era cliente da mulher.
Na noite do crime, a mãe teria ido para um bar ingerir bebidas alcoólicas e deixado as crianças sozinhas, trancadas dentro de casa. A delegada explicou que a menina de 11 anos estava com diversos ferimentos pelo corpo, mordidas e com as partes íntimas dilaceradas.
Segundo vizinhos que também prestaram depoimento, a situação era recorrente. Equipes de resgate do Corpo de Bombeiros e Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) tentaram reanimação por cerca de uma hora, mas a criança já estava morta. O crime chocou até mesmo os socorristas, e os policiais que atenderam à ocorrência. As outras duas crianças foram encaminhadas para um abrigo.
Prisão do assassino
Graças a rápida ação da polícia, o assassino de Estrelinha foi preso um dia após o crime. Durante o depoimento, ele confessou que já tinha feito vários programas com a mãe da vítima, mas que a menina saía da residência com os irmãos menores.
O criminoso afirmou que já utilizou droga na casa onde as crianças moravam, e que no dia do crime a mãe da vítima teria perguntado se ele iria à residência dela, ele teria respondido que "talvez passasse mais tarde". Ao chegar ao imóvel, encontrou apenas a menina e disse ter entrado na casa pela porta dos fundos.
Perícia confirmou que a menina foi estuprada. O autor teria matado a criança para acobertar o estupro de vulnerável. Também segundo as autoridades policiais, foi comprovado que a menina morreu após sofrer traumatismo craniano. O homem teria batido várias vezes com a cabeça da menina no chão, conforme apurado inicialmente na perícia.
Mãe e assassino continuam presos
Segundo a Agepen (Agência Estadual de Administração do Poder Judiciário), a mãe da garota e o assassino continuam presos. A mulher foi encaminhada para um presídio de São Gabriel do Oeste, distante 140 quilômetros de Campo Grande. O homem que estuprou e matou Estrelinha também continua atrás das grades no IPCG (Instituto Penal Campo Grande).