A medida faz parte da segunda fase da Operação Escudo Yanomami. Desde a semana passada, a FAB aumentou o controle do espaço aéreo na região, com o objetivo de neutralizar o tráfego de aeronaves relacionadas à mineração ilegal.
"Desde às 12 horas (horário de Brasília) de hoje (segunda), foram criados três corredores de voo com intuito de possibilitar a saída coordenada e espontânea das pessoas não-indígenas das áreas de garimpo ilegal por meio aéreo. Os corredores seguem ativados até a 01h00 da próxima segunda-feira (13/02)", informou a FAB, por meio de nota.
Os corredores têm 11 quilômetros de largura. As aeronaves particulares dos garimpeiros têm autorização de voo desde que se mantenham dentro dos limites laterais e verticais estabelecidos pela FAB.
Nesta segunda-feira, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, chegou a afirmar que o governo não prestaria apoio aéreo para a saída dos garimpeiros do território. "Não temos como empregar aeronaves públicas para apoiar pessoas que estavam praticando um crime", disse.
A declaração foi uma resposta ao governador de Roraima, Antônio Denarium (PP), que solicitou ajuda do governo federal para transportar mineradores que estão no território indígena. Já na noite desta segunda-feira, Dino anunciou que mais 100 integrantes da Força Nacional de Segurança chegarão à Roraima "para reforçar equipes".
O governo estima que 15 mil garimpeiros ilegais estejam na região, mas que "milhares" já começaram a sair por conta própria antes do início de uma operação policial coercitiva, programada para apreender e destruir equipamentos e pistas clandestinas, e efetuar prisões em flagrante. A expectativa é de que 80% dos garimpeiros saiam do território ao longo desta semana.
Nos últimos dias, mineradores e mulheres gravaram vídeos pedindo socorro às autoridades e ajuda para conseguirem sair da região. Eles relatam dificuldades para deixar a área indígena e que pessoas doentes estão ilhadas no local.
No último dia 20, o Ministério da Saúde declarou emergência em saúde pública de importância nacional para a situação vivida pelo povo Yanomami. A medida foi tomada porque o território, com mais de 30 mil indígenas, tem sofrido com casos de insegurança alimentar, desnutrição infantil, doenças e falta de acesso da população à saúde.
Muitos desses problemas foram agravados pela presença de garimpeiros ilegais. A atividade de mineração, proibida no local, contamina os rios e afugenta o animais que servem de caça e alimentos para os povos originários. Conflitos armados entre os garimpeiros e os Yanomami também têm vitimado parte dos indígenas.