Segundo apuração da âncora da CNN Daniela Lima, o presidente brasileiro quer construir uma relação pessoal com Biden, a exemplo do forte vínculo que tinha com George W. Bush e do bom elo que construiu com Barack Obama. Esse último, inclusive, chegou a se referir a Lula como “o cara” durante uma reunião do G20, em Londres.
A expectativa é de que Lula também leve para o centro do debate a importância do Brasil para a manutenção da democracia nas Américas e a capacidade do país como força de combate à extrema-direita.
Nesse sentido, o petista deverá falar sobre os ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro, e sobre como estão as investigações sobre os atos criminosos.
Fontes ligadas a Lula garantem que o presidente brasileiro está preparado para responder sobre as ações do Supremo Tribunal Federal (STF) no caso. Além da diferença das legislações de entre Brasil e EUA, o objetivo é mostrar que o que tem sido feito pela Suprema Corte Brasileira é algo inovador para combater os ataques à democracia.
Na viagem aos EUA, Lula defenderá o fim do conflito entre Rússia e Ucrânia. O presidente brasileiro recusou enviar munições para a guerra no Leste Europeu.
O jornalista Paulo Sotero, pesquisador sênior do Brazil Institute do Wilson Center, explica que “os Estados Unidos têm uma posição absolutamente clara desde o início”. “[Os EUA] Veem a Ucrânia como o "mocinho" da história, o país invadido foi a Ucrânia pela Rússia. A Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] manifestou seu apoio, não apenas em palavras, mas agora fornecendo armas cada vez mais sofisticadas, embora não aquelas que o Volodymyr Zelensky [presidente da Ucrânia] gostaria de receber”.
“Eles podem decidir que não falarão sobre esse tipo de divergência publicamente. Mas, certamente, querem ouvir do presidente Lula porque a relutância em repetir o que ele já disse, até a semana passada, em que ele condenou em termos muitos fortes a invasão não provocada da Ucrânia pela Rússia”, continuou Sotero.
Biden, por sua vez, pretende discutir com Lula os problemas e as eventuais soluções para questões raciais e sociais nos dois países. A informação foi confirmada à CNN por diplomatas americanos envolvidos na organização do encontro bilateral entre os dois líderes. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, estará presente na comitiva.
Tanto os diplomatas americanos quanto o Itamaraty concordam que os dois países enfrentam graves problemas nas duas áreas e têm muitas experiências a compartilhar. Ou, como disse um diplomata americano, “um país pode aprender muito com o outro, e vice-versa”.
Lula e Biden também vão conversar sobre como encontrar caminhos conjuntos para defender a democracia e debaterão ações concretas para conter as mudanças climáticas e preservar o meio ambiente.
O presidente brasileiro já adiantou que pretende debater com o colega americano formas de conter a disseminação de informações deliberadamente falsas no mundo digital.
Qualquer avanço neste campo vai depender muito da participação americana, já que as maiores redes sociais do mundo operam a partir daquele país.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, estará na viagem e deve tratar de assuntos como mudanças climáticas e a crise dos povos Yanomamis. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também estará na delegação brasileira.
A volta da comitiva presidencial ao Brasil está programada para o sábado (11).
(Com informações de Américo Martins, da CNN)
Este conteúdo foi originalmente publicado em Lula viaja para os EUA nesta quinta-feira (9) para se encontrar com Joe Biden no site CNN Brasil.