Em uma carta aberta assinada pelo CEO interino da varejista, João Guerra, a Americanas afirma que “tudo segue, e seguirá, exatamente como está contratado” e que os clientes não têm com o que se preocupar.
“As lojas seguem abertas e com prateleiras cheias. As entregas, garantidas. Protegemos nosso maior aliado e amigo de toda hora: o cliente”, diz a nota da empresa.
Reportagem publicada nesta semana pelo Metrópoles, que visitou uma unidade da Americanas em um dos mais movimentados centros comerciais de São Paulo, mostrou uma realidade um pouco diferente. Clientes demonstraram preocupação com o futuro da companhia, enquanto funcionários preferiram não se manifestar. O clima passava longe da tranquilidade.
No início do mês, a Americanas demitiu cerca de 60 empregados terceirizados em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre e encerrou o serviço de televendas. No centro do Rio de Janeiro, sindicatos ligados ao comércio fizeram um protesto em frente a uma loja da Americanas, cobrando respostas da empresa para a maior crise de sua história.
“Ao longo dos últimos trinta dias, ainda que sob o impacto constante de notícias que nos deixam ansiosos, fizemos juntos aquilo que mais sabemos fazer: trabalhamos com dedicação para nossos clientes. Quero começar aqui, portanto, com um agradecimento. Todos sabemos da seriedade do momento. Nem por isso perdemos a garra. Nossa resposta foi mais esforço e mais foco. Muito obrigado.
Para nossos clientes, o resultado do que estamos fazendo juntos é que a experiência nas lojas, no site e no app continua sendo exatamente a mesma. As lojas seguem abertas e com prateleiras cheias. As entregas, garantidas. Protegemos nosso maior aliado e amigo de toda hora: o cliente.
A resposta que recebemos não poderia ser mais tocante. Nas nossas redes sociais ganhamos mais de 100 mil novos seguidores. Só no Instagram, já somos mais de 13 milhões. Nossa nota no site Reclame Aqui continuou sendo destaque em nosso setor, com a certificação RA 1000.
Em uma palavra, a resposta do nosso cliente foi carinho.
É essa força de mercado que nos dá a confiança em superar os obstáculos. Ao fim do caminho que iniciamos, provavelmente seremos uma empresa diferente. E chegaremos lá cuidando sempre de todas as nossas pessoas, que fizeram e farão a força da Americanas.
Quero reafirmar aqui um compromisso que já assumimos em outras oportunidades: salários, benefícios e direitos são a prioridade da administração. Tudo segue – e seguirá – exatamente como está contratado.
Os sindicatos que representam nossa gente estão sendo informados de cada passo à medida que decisões são tomadas. Manteremos esse diálogo franco.
Sabemos que muito do futuro da companhia depende de fatores que não controlamos inteiramente. Para cuidar dessas diversas frentes de trabalho, trouxemos de imediato equipes experientes e qualificadas. A consultoria global Rothschild & Co está cuidando do acordo com os bancos, essencial para nosso futuro; a consultoria Alvarez & Marsal, da condução do processo de Recuperação Judicial (RJ) e um comitê independente, da apuração dos fatos. Essas frentes de trabalho seguem seus cursos em paralelo, com cada uma delas respeitando sempre os limites que a Recuperação Judicial exige de nós e com foco na solução e no plano de recuperação.
Para reforçar tudo isso, recebemos a importante contribuição da Camille Loyo Faria, que chegou em fevereiro como Diretora Financeira e de Relações com Investidores e traz uma valiosa experiência em reorganização financeira de empresas.
Enquanto os esforços do plano de recuperação seguem o curso, posso prometer que nós, aqui, seguiremos mantendo a chama acesa no máximo, com parceiros e clientes a cada dia mais engajados. Como exemplo, além do cumprimento dos repasses quinzenais aos "sellers", anunciamos um projeto-piloto para pagamento semanal aos nossos lojistas por vendas que fazem em nossa plataforma. Em outra frente, conseguimos a aprovação, pelo juiz da RJ, de um financiamento DIP de R$ 1 bilhão feito pelos acionistas de referência, que pode chegar a R$ 2 bilhões, e que ajudará a companhia a manter o curso normal dos negócios, seu fluxo de caixa e reforçar sua liquidez.
Com isso, estamos confiantes em dizer que já aceleramos os preparativos para a nossa Páscoa, um evento que é tão simbólico para os brasileiros e tão significativo para nós, Americanas.
Seguiremos fazendo o que mais sabemos fazer.
Juntos somos Americanas.”
João Guerra, CEO interino da Americanas S.A
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