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Bolsonaro tira AGU de sua defesa em 28 casos na Justiça e nomeia advogados


O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em palestra no resort de Trump, em Miami – Joe Raedle-3.fev.23/Getty Images/AFP

MARIANNA HOLANDA E MATHEUS TEIXEIRAFOLHA DE S.PAULOBRASÍLIA – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) retirou a AGU (Advocacia-Geral da União) de sua defesa em 28 casos, apesar de ter a prerrogativa de continuar contando com a atuação dos advogados públicos.

Passarão para bancas privadas e advogados aliados do ex-mandatário casos como multas sanitárias por realizar motociatas sem máscara na pandemia, a apuração dos atos antidemocráticos e outra aberta após pedido da CPI para investigar a conduta do ex-presidente em relação à Covid.

Dos 28 processos, 20 estão no STF (Supremo Tribunal Federal), sendo 17 investigações. Os demais estão em outras instâncias do Judiciário.

Há três casos em que, apesar de o ex-presidente ter constituído advogados privados, ministros já haviam negado os pedidos de abertura de investigação formulados por parlamentares.

Todas as principais apurações são relatadas pelo ministro Alexandre de Moraes, um dos principais alvos do bolsonarismo.

Bolsonaro também é alvo de apuração que investiga se ele interferiu na autonomia da Polícia Federal e de outra que visa identificar se o ex-presidente vazou informações sigilosas de inquérito da Polícia Federal sobre invasão hacker ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Há ainda pedidos de investigação contra Bolsonaro feitos ao Supremo que estão sob relatoria de outros ministros e podem ter três destinos: tornarem-se inquéritos, serem arquivados ou serem enviados à primeira instância, uma vez que o ex-presidente não tem mais direito a foro especial.

Esse é o caso, por exemplo, de uma solicitação para apurar se ele incitou a população a descumprir medidas sanitárias de contenção da Covid.

Há ainda um 29º caso, que ainda não integra lista enviada à Folha pela AGU: o magistrado incluiu o ex-presidente no inquérito que apura a autoria dos atos golpistas de 8 de janeiro.

“Muitas [vítimas] tinham alguma comorbidade, então a Covid apenas encurtou a vida delas por alguns dias ou algumas semanas”, disse Bolsonaro

Os casos criminais, considerados mais sensíveis, ficarão sob os cuidados do advogado do PL, Marcelo Bessa. De confiança de Valdemar Costa Neto, presidente do partido, Bessa já atua com o partido há anos. Foi ele quem, no ano passado, entrou com um pedido no TSE para pedir a invalidação de votos, após a derrota de Bolsonaro.

Já os processos de multa à época da pandemia devem ficar com Karina Kufa, que atuou na campanha do ex-presidente em 2018 e se aproximou da família Bolsonaro.

Ele foi multado três vezes pelo Governo de São Paulo e uma pelo do Maranhão por realizar aglomerações em 2021, em eventos e motociatas, a despeito de haver decretos estaduais contrários a isso devido à pandemia.

O advogado Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, ex-ministro do TSE, continuará acompanhando os processos de Bolsonaro na campanha do ano passado. Tramitam quase duas dezenas de ações de investigação eleitoral, algumas delas que podem levar ele à inelegibilidade.

Da confiança do senador Flávio Bolsonaro (PL), o advogado Victor Granado também deve atuar em casos do ex-presidente. Ele foi assessor do então deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio.

Frederick Wassef, por sua vez, continuará à frente de um único caso: o que envolve a facada do ex-presidente, em 2018.

O assessor de Bolsonaro e ex-chefe de gabinete do presidente, João Henrique Nascimento de Freitas, disse à Folha que a troca da AGU por advogados privados não se deu por desconfiança à equipe do ministério, hoje comandada por Jorge Messias, mas porque os casos demandavam “acompanhamento mais próximo”.

“A desistência da representação pela AGU não decorre de desconfiança, posto que, se assim fosse, retiraríamos todos os processos atualmente aos cuidados por eles. Estamos retirando apenas alguns processos mais relevantes para a estratégia geral de defesa, que demandam um acompanhamento mais próximo”, afirmou Freitas.

“Muito embora seja um cargo de confiança, de escolha do atual presidente, acredito que declarações políticas não interfiram no trabalho de um servidor público que está à frente de uma das instituições mais respeitadas do país”, completou, se referindo a Messias.

O presidente Jair Bolsonaro e a primeira-dama Michelle Bolsonaro chegam à cerimônia de descida da bandeira nacional brasileira, no jardim do

O atual chefe da AGU foi subchefe para Assuntos Jurídicos da Presidência da República no governo de Dilma Rousseff (PT) e secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior do Ministério da Educação na gestão da petista, além de ter atuado como consultor jurídico dos ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação.

À frente da AGU há menos de dois meses, Messias já deixa sua marca no ministério. No dia 8 de janeiro, quando golpistas invadiram e depredaram a sede dos três Poderes em Brasília, a pasta pediu a prisão do ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres.

Torres, que estava nos Estados Unidos, foi preso na semana seguinte, após a Polícia Federal encontrar uma minuta de decreto golpista em sua casa, como revelou a Folha. A pasta também solicitou dissolução dos atos em frentes aos quartéis-generais, que pediam intervenção militar.

Além disso, logo na sua posse, Messias anunciou a criação de procuradorias nacionais de Defesa da Democracia e do Meio Ambiente e do Clima.

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