Nesta edição de 2023, os desfiles das escolas de samba não serão em fevereiro, mas entre os dias 20 e 21 de abril, data em que Brasília comemora seu aniversário.
A mudança de datas, no entanto, não vale para o tradicional desfile que é feito para a comunidade do Cruzeiro, bairro localizado nas proximidades do Plano Piloto. Tudo já estava a postos no início da tarde para o trajeto de poucos quilômetros até a Feira do Cruzeiro, onde a escola de samba sempre encontra o também tradicional bloco Gagá...Vião.
Bloco e escola de samba têm uma história conjunta de amigos que amam futebol, cerveja e, como não podia deixar de ser, samba.
Os primeiros passos do diretor Cleuber Oliveira na Aruc não foram exatamente de samba. “Foram nas atividades esportivas promovidas na associação”, lembra o diretor que, na sequência, integrou a bateria da escola.
Essa paixão pelos três elementos (samba, cerveja e futebol) é quase unanimidade entre a “velha guarda” do Cruzeiro, conforme explica o presidente do bloco Gagá...Vião, Gildo Seixas, 59 anos.
“Nosso bloco preza por manter a tradição com o pessoal das antigas aqui do Cruzeiro, que, todos sabem, é o bairro mais carioca de Brasília. Nós mantemos a turma antiga sempre junta neste e em outros eventos. Os encontros sempre envolvem samba, futebol e cerveja”, diz o presidente do bloco, que é também professor de futebol e ex-jogador de futsal.
Segundo ele, a Aruc é “a vida do carnaval e do futebol da cidade”, uma vez que foi ali que muitos dos craques do bairro foram formados. “Um dos integrantes do nosso grupo foi, inclusive, goleiro do Fluminense e da seleção brasileira”, disse ele referindo-se ao arqueiro Paulo Victor.
Outra personalidade do bairro, que integra este seleto grupo de amigos, é o servidor da Secretaria de Saúde, músico e produtor de eventos Gilberto Grillo, um folião que passa o ano inteiro vivendo a fantasia do personagem “Zeca Pagodinho de Brasília”.
O apelido, ele carrega desde a infância, quando já se parecia com o ídolo. “Eu tinha aquele cabelinho Chitãozinho & Chororó que o Zeca usava na época”, lembra o criador da versão brasiliense do pagodeiro carioca.
“Passo o ano inteiro fantasiado de Zeca Pagodinho. E, no carnaval, me fantasio do que sou o ano inteiro, na vida real”, diz o músico, que toca pandeiro no grupo Força Maior Bsb. Em meio à entrevista concedida à Agência Brasil, alguns amigos do Zeca de Brasília confirmaram que todas as roupas usadas por ele no dia a dia são escolhidas tendo, como referência, o original carioca.
O personagem brasiliense, no entanto, faz questão de apontar uma diferença: “O outro é botafoguense e gosta de Brahma. Eu sou tricolor e bebo Skol”, brinca.
Vestindo uma camisa da Aruc, enquanto aguardava a chegada da escola de samba Aruc no espaço montado pelo bloco Gagá...Vião, a babá Célia Regina Fernandes disse que a mistura dessas duas entidades carnavalesca do Cruzeiro a ajudam a potencializar ainda mais suas grandes paixões.
“Essa camisa que estou usando representa a minha identidade. Samba e carnaval são elementos muito importante em minha vida. O samba é o ano inteiro, e o carnaval é o clímax de tudo. E essa mistura do bloco Gagá...Vião com a Aruc representa, para mim, o dobro do amor”, explicou a babá.