Mais tarde, já no segundo semestre, diante das dificuldades de uma disputa exaustiva, admitiu: "Não sei que parte do meu cérebro acha que eu deveria ter parado em Pipe".
Teria mesmo sido um fim apoteótico para a carreira do maior nome da história da modalidade. "A melhor vitória da minha vida", disse, emocionado, aquele que acumula triunfos em 56 etapas do circuito de elite e 11 títulos mundiais.
A glória de Kelly no Havaí é o tema do episódio de abertura da segunda temporada da série "Make or Break", disponível na Apple TV+ desde a última sexta-feira (17). A vitória sobre o havaiano Barron Mamiya, no estouro do cronômetro, e a batalha decisiva com o também havaiano Seth Moniz -que nasceu em 1997, quando Slater já estava em seu oitavo ano na elite- são pintadas com tintas épicas.
"Dediquei minha vida a isto. Odiei boa parte", diz Slater, durante a campanha em Pipe, explicando que a "obsessão" foi o que o levou tão longe no esporte. "Sinto essa luz se apagando, sabe?", afirma, exausto na celebração: "Estou cansado para c...!".
O norte-americano da Flórida não conseguiu na sequência manter o nível exibido na primeira perna do circuito. Terminou a competição na 15ª posição, sem lugar entre os cinco finalistas que decidiram o título nas ondas de Lower Trestles, em San Clemente, nos Estados Unidos.
O certame de 2023 começou novamente em Pipeline, novamente com a aposentadoria do craque no horizonte. Desta vez, ele não repetiu a glória obtida oito vezes na mesma praia. Parou na fase anterior às oitavas de final, com 1,23 e 1,20 como suas notas de pontuação, derrubado pelo brasileiro Yago Dora.
"Estou empacado, não consegui achar um ritmo", reconheceu, entre as baterias que disputou.
Enquanto competia, Kelly recebeu a notícia da (segunda) despedida do grande nome de outra modalidade. Tom Brady, 45, o maior do futebol americano, um ano depois de ter anunciado o adeus e desistido, resolveu pendurar de vez as chuteiras e o capacete.
"Para as pessoas que fizeram por muito tempo algo que amam, a coisa vai além do dinheiro que elas ganham, vai além. Vira amizades, estilo de vida, família e tudo mais. Não é uma decisão fácil, ainda mais quando a habilidade ainda está lá. Não acho que haveria um jogador na liga hoje que falaria que o Brady não poderia ganhar um Super Bowl hoje", afirmou.
"Então, é difícil ver essa possibilidade e não querer ir em frente. Posso me relacionar com isso, depois de todo esse tempo. Eu amo surfar. Mas sinto a vela meio que se apagando para mim, já faz um tempo. Acho que vou surfar até quando estiver tudo feito, eu realmente não me importar mais e querer ser outra pessoa", acrescentou.
Na segunda etapa do ano, em Sunset Beach, também na havaiana Oahu, o undecacampeão teve forças para ir até as oitavas. Ele tem dito que pretende fazer uma temporada completa antes de parar, o que parece estar próximo. Como tem falado, repetidamente, "a chama está se apagando".