Putin defende que Ucrânia virou "refém de seus mestres ocidentais"
O discurso emblemático do chefe do Kremlin ocorre um dia após a visita “surpresa” do presidente norte-americano à Kiev. Nessa segunda-feira (20/2), Joe Biden fez uma viagem não anunciada ao homólogo ucraniano Vladmir Zelensky, e prometeu o envio de mais armamento e um novo pacote de sanções contra a economia russa.
“O povo da Ucrânia se tornou refém do regime de Kiev e de seus senhores ocidentais, que efetivamente ocuparam o país no sentido político, militar e econômico”, disse Putin.
Segundo o líder russo, o governo ucraniano não está focado em temas de interesse nacional, e sim “servindo aos interesses de potências estrangeiras”.
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Em discurso no Parlamento russo, Putin reproduziu a retórica que sustenta a ofensiva russa sobre o território vizinho desde o início da guerra, e deixou claro que após um ano de combates, não há perspectiva de um acordo de paz no horizonte. O conflito no leste europeu completa um ano na próxima sexta-feira (24/2).
Segundo ele, o Kremlin fez tudo o que pôde para evitar a guerra, mas a Ucrânia, apoiada pelo Ocidente, planejava atacar a Crimeia — território anexado pela Rússia em 2014.
“Eles pretendem traduzir o conflito local em um confronto global, entendemos assim e reagiremos de acordo”, afirmou o líder russo.
“Agressão econômica”
Vladmir Putin também questionou o pacote de sanções econômicas sem precedentes aplicados por governos ocidentais sobre a Rússia desde o início da guerra, e disse que as nações aliadas da Ucrânia começaram “não apenas uma agressão militar e de informação, mas uma agressão econômica”.
“Mas os iniciadores dessas sanções estão se punindo”, argumentou. “Eles provocaram um aumento de preços em seus próprios países, o fechamento de fábricas, o colapso do setor de energia e estão dizendo a seus cidadãos que a culpa é dos russos”.
Desde o início da guerra, nações da União Europeia (EU), que eram fortemente dependentes da Rússia para a produção de combustíveis a base de petróleo e gás, enfrentaram uma crise energética. O que, por sua vez, gera instabilidade econômica em todo o continente.
O Kremlin é alvo de críticas não apenas da comunidade global, mas enfrenta pressões internas. Putin está sob pressão porque foi surpreendido pela capacidade ucraniana de lutar pelo próprio governo e pela proteção do território. A ofensiva, que supostamente deveria derrubar o governo Zelensky em semanas, se arrasta para o segundo ano de combates causando milhares de vítimas.
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