No PT, a preferência é pela escolha de um nome que não siga a cartilha do mercado financeiro. Alguém na linha do economista André Lara Resende, que tem minimizado o risco fiscal e defendido uma redução mais agressiva da Selic, teria apoio imediato no partido.
No entanto, auxiliares diretos de Lula e seus aliados no Congresso já o alertaram para a sensibilidade política da indicação. Se esse for o perfil, eles avisam que o nome poderá ficar parado semanas ou meses na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, responsável pela sabatina.
Na prática, ninguém acredita na possibilidade de rejeição do indicado. Mas há chance de que um economista considerado “antiamercado” seja travado, sem uma data para a sabatina, gerando desgaste prolongado para o governo.
Uma fonte lembrou à CNN que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tem ótima relação com Campos Neto e certamente o ouvirá sobre a indicação. O presidente da CAE, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), é de oposição e terá papel-chave no processo de análise do futuro indicado.
Com o Senado exercendo esse papel, assessores diretos de Lula acreditam que ele não comprará uma briga política e tomará cuidado para evitar que a indicação gere repercussões negativas no mercado.
De acordo com o último boletim Focus, divulgado semanalmente pelo BC, a previsão de crescimento do PIB é de apenas 0,80% para 2023. No governo, o temor é de que uma crise de crédito no varejo — na esteira do escândalo contábil da Americanas — leve esse número para perto de zero.
Medidas de aceleração da economia — a isenção de Imposto de Renda para até dois salários mínimos, um reajuste adicional do salário mínimo para R$ 1.320 e o relançamento do Minha Casa Minha Vida — foram anunciadas recentemente. Um programa de refinanciamento das dívidas de milhões de consumidores, o Desenrola, será lançado nas próximas semanas.
Por isso, no entorno mais próximo de Lula, há preocupação com a escolha do nome para o BC e um receio de evitar a indicação de economista considerado “antimercado”, que gere reações negativas dos investidores e turbulências no dólar ou na Bolsa.
Além da vaga de Bruno Serra, vai ser aberto o posto de diretor de fiscalização, cujo mandato também termina na terça-feira (28). Para essa diretoria, que funciona como uma espécie de auditor ou controlador do sistema financeiro, a escolha é tradicionalmente por servidores do próprio do BC que tenham experiência na área.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Lula é aconselhado a indicar economista pró-mercado para o BC no site CNN Brasil.