As ações pedem a investigação de Wajngarten por crime de advocacia administrativa -uso do serviço público para defender interesses particulares- por sua participação em ação que pode ter levado à obstrução da construção de moradias populares no município de São Sebastião (SP).
Ao menos 65 pessoas morreram no litoral norte de São Paulo em decorrência do temporal que assolou o litoral norte de São Paulo nos dias 18 e 19 de fevereiro. Além disso, mais de 2.000 pessoas estão desabrigadas.
Proprietário de uma casa no local, Wajngarten se uniu a outros moradores de Maresias na oposição à intenção da prefeitura de construir um conjunto habitacional com 400 moradias na região, em 2020.
Vídeo obtido pelo jornal O Globo mostra participação do então secretário em reunião com os moradores da região.
"Enquanto eu estiver em Brasília, usem a minha posição lá. Utilizem os meus contatos. Essa história da habitação, das casas, o Eliseu [Arantes, que na época presidia a associação de moradores] me endereçou há uma semana, perto do réveillon. Eu liguei para o presidente da Caixa Econômica para saber se era verdade que o governo federal estava envolvido nisso. O presidente da Caixa não estava nem sabendo disso", diz Wajngarten no vídeo, no qual se diz à disposição dos presentes.
Dias depois, a Caixa negou financiamento para o conjunto habitacional da Faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida, que atende a população mais pobre.
"Nós já sabemos que o bolsonarismo se apropria do que é público em causa própria. O que nós não sabíamos é que essa postura criminosa contribuiu inclusive para a morte de dezenas de pessoas e milhares de desabrigados no litoral norte", afirma Boulos.
"Infelizmente, não podemos recuperar as vidas perdidas nesta tragédia, mas podemos -e temos a obrigação moral- de apontar os responsáveis pelo descaso", completa.
Wajngarten tem negado qualquer interferência contra as casas populares e tem dito que seria favorável caso o projeto contemplasse saneamento básico.