O longa do sueco Ruben Östlund concorre a três estatuetas, inclusive a de Melhor Filme, e Charlbi não estará com seus colegas de elenco no Dolby Theater para acompanhar a premiação. Não teve tempo. Sul-africana e modelo como a personagem que interpreta no filme, ela morreu subitamente aos 32 anos, em agosto de 2022, antes mesmo da estreia do longa nos Estados Unidos.
O filme, uma sátira social às noções de beleza, riqueza e privilégio com estocadas bem dadas no mundo pink dos influencers e nos exageros da indústria da moda, ainda não ocupava salas de cinema mas vinha causando estardalhaço no circuito de festivais e conquistando prêmios internacionais, como a Palma de Ouro em Cannes. Pois bem. Isso foi em maio. Três meses depois, Charlbi, aquela mulher linda e cheia de vida que atraiu para si todos os holofotes do tapete vermelho na França, morria misteriosamente num hospital de Nova York.
Informações iniciais apontavam um mal súbito. Em uma entrevista dada à época, o irmão da atriz contou que ela própria sugeriu a internação após reclamar de fortes dores de cabeça, que não a deixavam dormir. Charlbi teria pedido então ao namorado que a levasse para uma casa de saúde. Sua morte foi anunciada menos de 24 horas depois, sem que o motivo fosse revelado oficialmente.
Somente em dezembro de 2022 (quatro meses depois, portanto), um laudo definiu a causa mortis de Charlbi Dean: ela foi vítima de uma septicemia bacteriana. Trata-se de uma resposta agressiva do organismo a uma infecção, o que causa uma espécie de inflamação generalizada e pode resultar em falência múltipla dos órgãos.
Um fator complicador em seu quadro foi a não-existência do baço em seu corpo. O órgão, um dos responsáveis pela filtragem do sangue no organismo, foi removido depois de um grave acidente de carro que ela sofreu em 2009. Uma cicatriz de grande proporções em sua barriga aparece em algumas cenas do filme, considerado pela crítica o trabalho mais importante de sua curta carreira como atriz até agora.