Uma delas foi a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber. Em seu discurso, ela disse que condutas e atos discriminatórios detectados no espaço forense indicam que nem o Poder Judiciário, em seus campos de atuação, está imune à cultura de subjugar e desqualificar a mulher. Segundo ela, a sociedade brasileira vê, nos dias atuais, a violência contra a mulher recrudescer de forma alarmante.
Também agraciada, a primeira-dama do país, a socióloga Janja da Silva, falou sobre a importância da presença de mulheres em espaços de poder:
“Quero dizer que o meu compromisso com o aumento da representação das mulheres na política é permanente, faz parte do meu dia a dia. Acredito que precisamos cada vez mais institucionalizar nossa presença nos espaços de poder e garantir que existam e sejam cumpridas as regras de paridade”.
Ainda na tribuna do Senado, Janja se comprometeu a ser aliada incondicional de primeira hora nas ações contra a violência de gênero na política: “a questão da violência contra a mulher é inadmissível. É inacreditável o número que hoje temos no nosso Brasil. Precisamos dar um basta. Parem de matar nossas mulheres! Nenhuma de nós com medo, todas nós na política”.
A lista de homenageadas desta edição teve ainda a cientista política e especialista em segurança pública e política de drogas, Ilona Szabó de Carvalho; a diretora-geral do Senado, Ilana Trombka; e a jornalista e uma das coordenadoras da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito Nilza Valéria Zacarias.
Na edição deste ano, foram agraciadas postumamente outras duas brasileiras: Clara Filipa Camarão e a jornalista Glória Maria. Clara foi uma indígena da etnia potiguara que liderou um grupo de mulheres contra as invasões holandesas no século XVII, em Pernambuco. O nome dela está inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, em Brasília.
Já Glória Maria é considerada um ícone do jornalismo brasileiro. Atuou na TV Globo desde a década de 1970 e se tornou reconhecida pelas reportagens especiais e cobertura de fatos históricos no Brasil e no Mundo. Ela morreu em fevereiro de 2023, vítima de câncer.
Desde que foi criado, em 2001, o Diploma Bertha Lutz é entregue a pessoas que tenham oferecido contribuição relevante à defesa dos direitos da mulher ou que tenham participado no enfrentamento das questões de gênero no Brasil em qualquer área de atuação, em defesa de uma sociedade mais plural e justa.
Bertha foi uma bióloga, advogada paulista e uma das figuras mais significativas do feminismo e da educação no Brasil do século XX. Aprovada em concurso para pesquisadora e professora do Museu Nacional, em 1919, tornou-se a segunda brasileira a fazer parte do serviço público no Brasil.
Teve contato com o movimento feminista ao estudar na Europa. No retorno ao Brasil, fundou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF). Uma das principais bandeiras levantadas por Bertha Lutz na época era garantir às mulheres o direito de votar e de serem votadas. Isso só ocorreu em 3 de maio de 1933, na eleição para a Assembleia Nacional Constituinte. Ela faleceu em 1976, no Rio de Janeiro.