O caso aconteceu na segunda-feira (13), em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, em uma das lojas da rede de material de construção, onde as pedagogas Marcela Cristina Alexandre e Danielle Fernandes da Silva faziam compras.
Segundo o advogado, Marcela realizou o pagamento por produtos comprados utilizando o serviço Pix. Apesar de o valor ter sido debitado de sua conta, o sistema interno da empresa travou e não reconheceu o pagamento.
Uma funcionária da loja teria pedido para as pedagogas irem ao SAC, onde foram informadas que teriam de esperar por 40 minutos.
Após meia-hora, as pedagogas pediram para falar com a gerente da loja, mas foram informadas que a pessoa que ocupa o cargo não estava lá no momento.
Depois de quase uma hora aguardando uma orientação, as clientes tiveram que deixar da loja, por causa de um compromisso que tinham.
Segundo o advogado, as pedagogas receberam então uma orientação para deixar as mercadorias na loja. Mesmo após terem reforçado que o pagamento havia sido realizado, as duas teriam sido seguidas pela loja, até o estacionamento.
Em um vídeo que que circula nas redes sociais, é possível ouvir uma pessoa questionar o fato de imagens estarem sendo gravadas do carro das clientes, mas não do aparelho celular que tinha um comprovante da compra feita por elas.
De acordo com a defesa das pedagogas, na tarde em que o caso aconteceu, representantes da empresa chamaram as clientes para conversar e posteriormente reembolsaram a compra de Marcela. Mas o advogado afirmou que a cliente irá devolver os produtos.
Ele reforçou que o caso não trata apenas do fato de Marcela não poder levar os itens para casa, ainda no primeiro momento. Para ele, o que aconteceu com Danielle e Marcela é um caso de racismo estrutural e institucionalizado.
“Que ela [empresa] faça ações que visem o combate ao racismo, não mandando os seguranças embora. A gente não quer isso. A gente não quer mais um preto desempregado. A luta é para além. A luta é para que um pai de família possa sair para comprar as coisas e não ser molestado. Há necessidade de uma política interna de reestruturação para o não racismo ( ) Talvez esse tipo de racismo seja um tipo de racismo sútil. A pergunta que se faz é a seguinte é "eu, branco, de terno, teria esse tipo de tratamento"?” afirmou.
A Polícia Civil disse que a vítima registrou um boletim de ocorrência e que o fato segue sob análise da Delegacia Especializada de Investigação de Crimes de Racismo, Xenofobia e Intolerância Correlatadas.
A Leroy Merlin afirmou, por meio de nota, que no momento da compra, a cliente realizou o pagamento via Pix, mas por uma inconsistência sistêmica a ação não foi concluída, o que ocasionou um transtorno.
A instabilidade foi identificada em outras lojas da rede e reportada ao parceiro responsável.
Como prática, quando a companhia não identifica o pagamento é fornecido ao cliente o comprovante com a garantia do estorno em até 48 horas, o que foi feito com outras pessoas durante esse período da instabilidade, contudo a consumidora não aceitou o documento.
Diante dessa negativa, os responsáveis pela Leroy Merlin foram acionados e permitiram a saída da cliente com o produto.
A companhia entende que deve aprimorar as tratativas e a comunicação para elucidar os processos, que se aplicam a todos os clientes, evitando que casos como esses não se repitam.
Destaca ainda que o estorno foi realizado e reitera que repudia todo e qualquer ato de discriminação.
A empresa afirmou também que ainda está apurando sobre a suposta reunião com as clientes.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Leroy Merlin não marca reunião prometida após caso de racismo em loja em Belo Horizonte no site CNN Brasil.