Verri disse que pretende iniciar as negociações assim que a eleição for definida, para tratar do que “é melhor para os dois países”.
“Claro que teremos momentos de fricção, afinal de contas, o que pode ser melhor para o Brasil, pode não ser o melhor para o Paraguai. São culturas distintas, necessidades distintas e, inclusive, tamanhos distintos. De repente o Brasil terá que abrir mão de algo, o Paraguai abrir mão de algo, mas eu tenho certeza, nessa experiência de 50 anos, que será muito difícil mudar o perfil dessa parceria”, afirmou Enio Verri.
Questionado se um dos possíveis motivos de uma fricção no novo acordo pode ser a escolha do Paraguai em vender o excesso da sua parte da geração de energia para outro país que não o Brasil, Verri disse não acreditar nessa mudança.
“Claro que no novo acordo eles podem pensar nisso ou ir para o mercado livre. Entretanto, o mercado livre oscila muito [de preço]. Se o Paraguai mantém a negociação com o Brasil, o país tem a garantia de um valor e isso permite o planejamento do orçamento”.
Verri ressalta que, apesar do risco de que o país deixe de vender seu excedente exclusivamente para o Brasil, olhando da perspectiva do mercado da energia, que “há uma tendência de que o país fique com o Brasil. “Não tenho muita dúvida disso”.
O Tratado de Itaipu, feito entre Brasil e Paraguai, estabeleceu que cada país tem direito a 50% da energia gerada pela hidrelétrica, localizada na fronteira entre os países, no Rio Paraná. Como o Paraguai não utiliza toda a parte a que tem direito, o país vende o excedente para o Brasil.
Outro ponto de negociação, segundo Verri, será o preço da energia, principalmente porque é ele que vai determinar se Itaipu terá valor excedente para investimentos. “Até o ano passado a Itaipu postava os seus recursos basicamente em infraestrutura.
Agora vamos voltar para políticas sociais, inclusão social e incluindo a infraestrutura. Como recursos para agricultura familiar, assentamentos, comunidades indígenas. Queremos gerar o desenvolvimento local via pequenas e médias empresas e, concomitante a isso, investir muito em inovação tecnológica”.
De acordo com o novo diretor-geral, o foco dos investimentos em políticas sociais é o caminho que o presidente Lula espera da usina. “Digamos que nós temos uma dívida social, portanto nós também teremos esse papel, a diferença da nossa gestão é que as políticas, aqui na região e no Paraná como um todo, são políticas vinculadas ao governo eleito”.
Nomeado pelo presidente Lula, Verri renunciou seu mandato como deputado federal na terça-feira (14) para assumir o cargo.
A nomeação para a Itaipu havia sido publicada em sessão extra do Diário Oficial da União (DOU) em 11 de março para substituir o almirante Anatalicio Risden Junior, que estava à frente da diretoria-geral brasileira desde fevereiro de 2022.
Nascido no Paraná, Verri é economista, mestre em Economia pela Universidade Estadual de Maringá e doutor em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo, além de especialista em teoria econômica.
Após mandatos como deputado estadual, foi eleito deputado federal em 2014, pela primeira vez, e reeleito em 2018 e 2022.
Após a cerimônia, Lula se reuniu com o presidente paraguaio Benítez. O encontro representa mais um avanço da frente para ampliar a representatividade na América do Sul.
Este conteúdo foi originalmente publicado em À CNN, Enio Verri diz que será “muito difícil” Paraguai mudar perfil de parceria em Itaipu no site CNN Brasil.