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InCor usa a inteligência artificial para desobstruir artéria do coração


O procedimento foi feito pela equipe de cardiologia intervencionista do InCor na manhã desta quinta-feira, 16, e acompanhado pelo Estadão. A angioplastia é um procedimento minimamente invasivo para desobstruir artérias coronárias entupidas (geralmente por placas de gordura ou calcificações).

Nela, a equipe médica insere, por meio do braço ou da virilha do paciente, um cateter que chega ao vaso cardíaco obstruído, possibilitando a colocação de um stent, um componente metálico parecido com uma pequena mola que, após inserido, é expandido por meio de um balão operado pelos médicos, abrindo passagem para a circulação sanguínea e reduzindo o risco de problemas cardiovasculares.

Na maioria dos hospitais do País, a equipe usa um equipamento de raio X para visualizar os pontos de obstrução e guiar a implantação do stent. Em alguns centros especializados, como o InCor, os médicos têm à disposição também um aparelho que consegue visualizar o interior do vaso com resolução similar à de um microscópio, método chamado de tomografia de coerência óptica.

Análise

O que a inteligência artificial faz é analisar as duas imagens conjuntamente e oferecer informações mais precisas. "Esse algoritmo faz uma fusão das imagens de raio X e da tomografia e identifica os locais de maior gravidade da obstrução, as características da placa, se há calcificações, as espessuras e o ângulo dessas calcificações, além de avaliar, depois da colocação do stent, se está corretamente expandido", diz Carlos Campos, médico do Departamento de Cardiologia Intervencionista do InCor e um dos cardiologistas que realizou o procedimento.

O algoritmo funciona por meio do software Ultreon 1.0, desenvolvido pela farmacêutica americana Abbott e que recebeu registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em janeiro. A empresa fez uma parceria com o InCor para ofertar de forma gratuita a tecnologia ao centro médico com a contrapartida de que o instituto atuasse na formação de outros profissionais do Brasil e do exterior.

Três momentos

Os médicos contaram com a ajuda da inteligência artificial em três principais momentos. Primeiro, o algoritmo foi capaz de indicar os pontos específicos de calcificação das artérias. "Se o stent encontrar calcificações no caminho, pode não se expandir adequadamente. Como o software nos ajudou a identificá-las e estavam em pontos anteriores aos pontos de maior obstrução por gordura, entramos antes com um dispositivo que quebra essas calcificações para facilitar a posterior passagem do stent", diz Campos.

Em seguida, o software calculou o melhor tamanho de stent de acordo com as obstruções identificadas - foram duas. E, após a colocação do dispositivo, o algoritmo identificou pontos onde o stent não estava expandido adequadamente dentro da artéria, possibilitando que os médicos corrigissem o problema.

"Se você implantar o stent com pressão muito elevada, você pode até romper o vaso. E se você faz uma subexpansão, a chance de voltar a doença e a angina (dor no peito) é maior. Então, após o implante do stent, nós voltamos a colher as imagens tomográficas dentro das artérias e, usando o algoritmo de inteligência artificial, conseguimos deixá-lo melhor expandido, o que melhora o fluxo sanguíneo e reduz a chance de o paciente voltar a ter uma obstrução naquele local", afirma Alexandre Abizaid, diretor do Departamento de Cardiologia Intervencionista, que também fez parte da equipe que realizou o procedimento.

"O índice ideal de expansão é de 80% a 90% da artéria. Para os nossos olhos, o stent estava perfeito, mas a inteligência artificial foi capaz de identificar que, em alguns trechos, estava com 75% de expansão e, com isso, pudemos ir novamente com o balão naquele ponto e expandir o stent um pouco mais", afirma Campos.

Tecnologia traz ganho ao sistema de saúde

Os cardiologistas ressaltam que os médicos são capazes de fazer a identificação e análise das obstruções, mas que a inteligência artificial traz maior precisão. "Estudos mostram que a angioplastia feita com o auxílio da tomografia de coerência óptica e da inteligência artificial tem 30% menos risco de eventos como óbito, enfarte e necessidade de outra angioplastia, em comparação ao procedimento tradicional só com imagens de raio X", diz Carlos Campos.

Para Roberto Kalil Filho, presidente do Conselho Diretor do InCor, a nova tecnologia, além de aprimorar o tratamento de pacientes com doença coronariana, traz ganhos para o sistema de saúde. "Quanto mais a inteligência artificial ajudar o médico, mais acurácia os métodos vão ter para o benefício do paciente. E qualquer procedimento ou avanço que você minimiza riscos e melhora o resultado vai ter impacto direto no sistema de saúde."

Ele afirma que o InCor já começou a treinar nesta quinta médicos de outros Estados do País na técnica. Especialistas da Argentina, Chile e Colômbia deverão passar por capacitação no InCor em abril.

Abrangência

Alexandre Abizaid afirma que a tecnologia usada na angioplastia deverá ser oferecida para pacientes de maior complexidade, o que representa cerca de 10% dos doentes que passam pelo procedimento no InCor. Isso porque, como ela não está na lista de procedimentos custeados pelo Ministério da Saúde, o hospital precisa subsidiar o custo do procedimento.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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