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Por que o Brasil voltará a ser líder mundial na exportação de milho


O Brasil liderou as exportações mundiais de milho pela primeira vez há uma década, na safra 2012/2013, quando efeitos climáticos prejudicaram fortemente a produção dos EUA.

Se as projeções se confirmarem, o país registrará um resultado 60% maior do que na safra anterior, quando foram exportados 32,4 milhões de toneladas de milho. Os EUA, por sua vez, devem comercializar 49 milhões de toneladas, o que significa uma queda de 22% na comparação com a safra 2021/2022.

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Neste início de ano, o Brasil já vem apresentando ao mundo suas credenciais rumo ao topo do ranking mundial de exportação de milho. Apenas em janeiro, foram 6,35 milhões de toneladas colocadas no mercado externo – mais do que o dobro do volume alcançado no primeiro mês de 2022 (2,73 milhões de toneladas).

O que explica o sucesso do milho brasileiro

Segundo especialistas ouvidos pelo Metrópoles, o êxito brasileiro na exportação de milho se deve a uma combinação de fatores internos e externos. Da “porteira para dentro”, o país avançou muito no desenvolvimento de tecnologia para os produtores. Além disso, a segunda safra, também chamada de “safrinha” (cultivada entre janeiro e março, em período seco, logo após a primeira safra, que vai de outubro a dezembro), registrou forte expansão, o que se tornou um diferencial competitivo do Brasil em relação a outros países.

“Até 2010, a primeira safra era maior do que a safrinha. A partir de 2011/2012, a segunda safra começou a bater a primeira”, destaca Octaciano Neto, diretor de Agronegócio na Suno e ex-secretário estadual de Agricultura do Espírito Santo. “Até o início da década de 1980, o Brasil não tinha segunda safra de milho. Essa transformação é impressionante. Temos uma enorme vantagem competitiva. O Brasil tem produzido cada vez mais em período de seca, o que outros países não conseguem.”

Para Guilherme Cauduro, diretor de Agronegócio, Food & Commodities do Bureau Veritas, a profissionalização do agronegócio brasileiro nos últimos anos colocou o país em outro patamar no cenário internacional. “Os produtores rurais têm um nível de tecnologia altíssimo de produção. A logística dentro do Brasil também melhorou demais. Há 20 anos, a exportação de commodities agrícolas se restringia aos portos de Paranaguá (PR) e de Santos (SP). Nos últimos anos, os portos do arco norte, em estados como Pará, Amazonas e Maranhão, ajudaram a desafogar essa logística”, observa.

O “fator China”

No cenário externo, a decisão da China de autorizar a importação do milho brasileiro, anunciada em novembro do ano passado, foi preponderante para alavancar os números de embarques do cereal.

O gigante asiático comprou 1,165 milhão de toneladas de milho do Brasil em 2022. Quase todo esse volume foi negociado em dezembro, o equivalente a 18% do total exportado pelo Brasil no último mês do ano.

“A China é a grande compradora de commodities agrícolas do Brasil. Com a população que eles têm, tudo o que resolvem comprar é sempre muita coisa”, diz Octaciano.

Guerra na Ucrânia e seca na Argentina e nos EUA

Além da “lição de casa” bem feita pelo Brasil e do peso da China para as exportações do país, condições climáticas adversas atrapalharam EUA e Argentina, que estão entre os maiores produtores mundiais de milho.

No ano passado, a seca e o calor extremos prejudicaram agricultores americanos do chamado “cinturão do milho”, no meio-oeste do país. Situação semelhante vive a Argentina, quinto produtor mundial, que deve registrar a menor produção do cereal dos últimos 25 anos. O país sul-americano enfrenta uma seca severa desde maio de 2022.

A guerra entre Rússia e Ucrânia, que fazem parte da lista dos 10 maiores produtores mundiais, atingiu duramente esses dois outros concorrentes do Brasil no mercado externo. Os ucranianos, por exemplo, devem exportar 23 milhões de toneladas na safra 2022/2023, bem abaixo dos 30 milhões de toneladas registrados antes da invasão russa.

“Os europeus estão com problemas de abastecimento por causa da guerra na Ucrânia, que era um grande fornecedor de milho e não está conseguindo plantar direito. Nesses últimos três anos, por causa da pandemia e da guerra, o Brasil se mostrou um fornecedor confiável de tudo aquilo que o mundo precisou comprar”, relata Ricardo Arioli Silva, presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Apesar de ter contado com a “sorte” e uma combinação de eventos que prejudicaram a exportação de milho de outros países, o Brasil só se tornará o líder do ranking global porque estava preparado para isso, pondera Guilherme Cauduro.

“A oportunidade apareceu para o Brasil. Mas, se nós não estivéssemos prontos, não teríamos capturado essa chance”, afirma. “O setor produtivo brasileiro estava preparado para decolar. É por isso que estamos conseguindo suprir essa demanda do mundo todo por milho.”

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