Em meio a impasse vivido pela Santa Casa de Campo Grande, que tem ao menos R$ 14 milhões de pagamento do Estado represados pela prefeitura, hospital recebe mais uma denúncia. Dessa vez, paciente puérpera, que passou por trabalho de parto na última semana, tomou um susto ao encontrar uma barata inteira dentro de comida servida pela instituição de saúde na terça-feira (28).
Quem conversou com o Jornal Midiamax foi a advogada Rita de Cássia Felismino Pinto, sogra da paciente Graziela Espíndola De Oliveira de Franco, de 30 anos. Felismino contou à equipe de reportagem que a nora deu entrada no último dia 21 para dar à luz um bebê. Desde então, mãe e filho estão internados no hospital para tratamentos e exames.
Mas foi na terça-feira (28), na hora do almoço, que Graziela encontrou uma barata inteira dentro de torta servida na marmita fornecida pela Santa Casa. Veja foto:
Ainda conforme relato da advogada, a equipe da Santa Casa foi acionada sobre o caso. "O SAC deu retorno de que em 48 horas mandava devolutiva para a minha nora. Pediram [Santa Casa] desculpa e disseram que isso nunca aconteceu", afirma.
Rita ainda disse que hospital liberou a entrada de comida de outros lugares e também para Graziela comer na lanchonete do local depois do ocorrido. Liberação ocorreu mediante autorização formal de nutricionista do hospital, assinada nesta quarta-feira.
Além disso, a paciente estaria em "estado de choque" e não mais se alimentando com a comida fornecida pelo hospital. Conforme a advogada, família está mobilizada para levar alimentação própria para a mulher porque não se sente segura com o serviço prestado na unidade de saúde.
Por fim, Rita afirma que procurou a Vigilância Sanitária nesta manhã para fazer notificação.
O Jornal Midiamax acionou a Santa Casa sobre o caso e aguarda posicionamento. Espaço segue aberto para eventuais manifestações.
Mensalmente, o maior hospital do Estado recebe R$ 5 milhões do Governo do Estado, porém o montante é repassado pelo município. Devido a um atraso na publicação de aditivo, por parte da prefeitura de Campo Grande, a Santa Casa aguarda o pagamento de R$ 7 milhões desde janeiro, como mostrou o Jornal Midiamax em reportagem.
Além desse valor, há outro repasse de R$ 5 milhões do Estado e mais adicionais que incluem emenda e hemodiálise por produção que elevam o valor acumulado para R$ 14 milhões.
Em nota, a Santa Casa alega que ainda não se pode mensurar todos, mas por se tratar de uma verba de custeio, o não pagamento impede que a instituição cumpra seus compromissos com fornecedores em geral, desde medicamentos, suprimentos, órteses e próteses, entre outros.
"O não pagamento em dia dos fornecedores, por exemplo, nos impõe buscar por outros preços no mercado que, por vezes, chega a ser duas vezes maior que o valor habitual".
Ao Jornal Midiamax a prefeitura de Campo Grande informou que vai pagar os valores referentes a dois meses (janeiro e fevereiro) até sexta-feira (31), quando também deve publicar o termo aditivo que oficializa o repasse.
Além das duas parcelas de "atrasados" para a Santa Casa de Campo Grande, a prefeitura diz que vai incluir no pagamento outros adicionais, que incluem emenda e hemodiálise por produção, e o valor deve chegar a R$ 14 milhões.
Os R$ 5 milhões mensais são referentes a "auxílio" do Governo do Estado para a Santa Casa, pagos desde 2022. Em dezembro do ano passado, a SES (Secretaria Estadual de Saúde) autorizou a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) a renovar o valor mensal de R$ 5 milhões até o final do contrato, em 30 de junho de 2023.
Em dezembro, a Santa Casa cobrou a renovação do recurso por ofício. A SES também tentou intervir e cobrou a renovação dos R$ 5 milhões já pagos pelo Governo do Estado por meio de ofício enviado em 15 de fevereiro deste ano.