Conforme o ex-chefe do Executivo, o foco agora é na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai apurar os atos criminosos que ocorreram em Brasília em 8 de janeiro.
“Nós estamos focados na CPMI dos atos do dia 8 de janeiro. Nós lamentamos o ocorrido. Quem praticou os atos de vandalismo tem que ser culpado por isso. Os inocentes não justificam continuar presos. E tão pouco aqueles que já foram postos em liberdade mereciam aquilo tudo”.
Anteriormente, no dia 24 de março, Bolsonaro havia dito que enxerga os atos de invasão aos prédios do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional como uma “armadilha feita pela esquerda” e acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de responsabilidade.
“Eu acompanho o trabalho do senador Marcos do Val (Podemos-ES), entre outros parlamentares, estamos Esperamos muito que haja a CPMI para botar em prática levantar isso aí. Foi uma armadilha feita pela esquerda, tanto que o atual presidente não quer CPMI”.
“Quando houve o episódio, no dia seguinte, ele falou que queria a CPI, a esquerda levantou assinaturas. Ele disse eu queria aquilo no dia 1º de janeiro, e deixei para fazer dia 8. Está me acusando diretamente, então vamos abrir a CPMI para ver até onde vai a minha responsabilidade ou a dele, que não chamo de omissão”.
Bolsonaro também falou que não irá liderar nenhuma oposição ao governo Lula.
“Não vou liderar nenhuma oposição. Vou participar com meu partido, como uma pessoa experiente, 28 anos de Câmara, quatro de presidente, dois de vereador e quinze de Exército, para colaborar com o que eles desejarem, como a gente pode se apresentar para manter o que tiver de ser mantido e mudar o que tiver de ser mudado”, explicou Bolsonaro.
“Você não precisa fazer oposição a esse governo. Esse governo é uma oposição por si só dado a qualificação daqueles que compõe os ministérios. Ele criou mais quatorze ministérios, o perfil das pessoas é bastante diferente dos nossos, você pode fazer comparação aí no Brasil. E você começa a entender o porquê, queria que infelizmente fosse o contrário, não tem como dar certo esse governo”, cita o ex-presidente.
Segundo Bolsonaro, não há possibilidades de colaborar com a atual administração, tanto pelo quadro de ministros, quanto por suas propostas.
“O controle da mídia, o controle de armas, o MST voltando a levar o terror para o campo. Essa política deles de aumentar impostos. A nossa política foi de diminuir impostos. Nós batemos recordes de arrecadação mês a mês durante o ano passado todinho, mostrando que estávamos no caminho certo”.
Logo que chegou ao terminal aéreo, Bolsonaro conversou e tirou fotos com apoiadores no saguão aeroporto, tecendo críticas ao “socialismo” e dizendo que seu governo acolheu “milhares de venezuelanos”.
“Teve gente que foi enganada pelo socialismo. Espero que o Brasil não mergulhe, não vá por esse caminho. E a Venezuela é o país mais rico do mundo em petróleo, era para ser um paraíso lá. Somos escravos das nossas escolhas”, pontuou.
O desembarque está previsto para as 7h10, no Aeroporto Internacional de Brasília. O ex-chefe de Estado viajou para o exterior dois dias antes do fim de seu mandato. Ele não participou da passagem da faixa presidencial para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Durante o período nos EUA, ele se hospedou na casa do lutador José Aldo e participou de um evento conservador, no qual também esteve presente Donald Trump.
Os planos do ex-mandatário para sua volta incluíam desfile em carro aberto e até discurso para apoiadores após o desembarque. O Partido Liberal (PL) também discutiu fazer anúncio nas redes sociais e mobilizar a militância bolsonarista.
Entretanto, isso não deve ser possível devido ao esquema de segurança da Polícia Federal (PF), que recomendou que Bolsonaro não saia pelo saguão do aeroporto, utilizando uma rota alternativa.
Além disso, não serão permitidas manifestações e novos acampamentos em determinados locais. A PF também recomenda que as pessoas evitem ir ao aeroporto, para não atrapalhar o andamento dos voos.
Assim, o Partido Liberal também informou, em nota, que “não está previsto qualquer evento ou fala do ex-presidente”.
Após o desembarque, ele encontrará com Michelle Bolsonaro, Valdemar Costa Neto e o general Braga Netto. Eles devem, então, se reunir com outras autoridades na sede do PL, no Complexo Brasil, em Brasília.
Tanto o PL quanto Jair Bolsonaro ficaram irritados com as determinações das autoridades, pois visavam fazer dessa volta um evento para marcar o retorno do “líder da oposição”.
O esquema de segurança em Brasília foi reforçado, devendo contar com mais de 500 policiais. A Polícia Federal recomendou que o ex-chefe de Estado use uma saída alternativa e não o saguão do aeroporto brasileiro.
Além disso, as autoridades também recomendam que as pessoas evitem ir ao aeroporto, para não atrapalhar o andamento dos voos.
Saiba todos os detalhes do plano de segurança nesta matéria.
O PL informou que Jair Bolsonaro será o presidente de honra do partido. Ele deve assumir o compromisso assim que desembarcar no Brasil. Conforme antecipado por Gustavo Uribe, analista de Política da CNN, a expectativa é que o salário que o ex-chefe de Estado receberá a partir de abril seja de R$ 41,6 mil.
Segundo a assessoria do partido, o convite para o cargo de honra foi feito pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Bolsonaro se filiou à sigla em novembro de 2021. Antes, ficou cerca de dois anos sem partido, após sair do PSL, pelo qual se elegeu presidente em 2018.
Este conteúdo foi originalmente publicado em À CNN, Bolsonaro anuncia que rodará o Brasil e defende CPI do 8 de janeiro no site CNN Brasil.