Todos os municípios de Mato Grosso do Sul operam acima de 85% da capacidade dos leitos pediátricos, de acordo com a secretária de Estado de Saúde em exercício, Dra. Christinne Maymone. O estado passa por nova onda de casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda), principalmente, com nova alta de pacientes confirmados com covid, que somam cerca de 50% dos casos.
A situação mais crítica é em Campo Grande que, até na semana passada, contava diariamente com ao menos 50 crianças em estado grave na fila por um leito em hospital.
Em resposta, o Governo de Mato Grosso do Sul deve ampliar a equipe de pediatras com mais 17 profissionais no Hospital Regional, em Campo Grande. Por enquanto, não há previsão de quantos novos leitos serão abertos além dos 350 existentes.
"A gente chama pediatras para abrir leitos. O pediatra precisa passar pelo processo seletivo, eu preciso saber quantos irão passar para saber quantos leitos posso abrir", explica a secretária.
Apesar da lotação dos leitos pediátricos, a médica explica que é cedo para declarar situação de emergência no Estado. A estratégia no momento é de uma organização da rede de saúde de todos os 79 municípios com campanhas de prevenção e vacinação de todas as faixas etárias.
"O interior ainda está sob controle, ele está com leitos ocupados, mas isso não significa que nós estamos confortáveis, não estamos. Nós estamos em uma situação de prevenção da saúde, da organização dos serviços de saúde", destaca.
De acordo com a secretária estadual de saúde interina, Mato Grosso do Sul tem a predominância de quatro vírus respiratórios em circulação: rinovírus, sincicial respiratório (especialmente em crianças de até cinco anos de idade), influenza e Covid-19.
"Não é uma condição de só Mato Grosso do Sul. É uma condição que vem desde fevereiro em dez estados que começaram a ter aumento de rinovírus, que foi o primeiro a começar a impactar a assistência à saúde", esclarece.
Associada à circulação dos vírus, o fator da sazonalidade é outro que influencia a alta de contaminações com a chegada do frio. A previsão é que o período dure cerca de quatro meses, até agosto.
Como alerta, Crhistinne Maymone faz a seguinte recomendação para esse período:
Campo Grande vive dias de caos na saúde. Unidades de atendimento básico estão lotadas e pacientes amargam horas de espera, hospitais estão superlotados e fechando as portas para novos pacientes, enquanto dezenas de crianças aguardam vaga em leitos improvisados de UPAs.
Nos últimos dias, a própria Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) admitiu aumento de 30% na demanda por atendimento nas unidades de saúde e o secretário Sandro Benites classificou a situação como epidemia de doenças respiratórias em crianças.
Ainda assim, a prefeita Adriane Lopes (Patriota) disse em agenda pública nesta terça-feira (4) que "estamos passando por um momento difícil, mas é algo que todos os anos acontece". Ela ainda normalizou a situação ao dizer que "é comum e a contaminação acontece naturalmente".
Hospitais particulares de Campo Grande também estão lotados e inclusive chegaram a pedir leitos ao SUS. Apenas o Hospital El Kadri informou que tem 30 leitos pediátricos disponíveis para contratação.