O cronograma de implementação do Novo Ensino Médio será suspenso pelo Governo Federal, confirmou o ministro da Educação, Camilo Santana, nesta terça-feira (04). A decisão deve ser oficializada em Portaria no DOU (Diário Oficial da União) e já era aguardada há alguns dias.
A mudança na grade curricular do ensino médio foi alvo de críticas de vários setores da educação, especialmente pela falta de diálogo com agentes diretamente envolvidos, como os professores e entidades.
Em Campo Grande, um grupo de educadores e alunos se reuniu no centro de Campo Grande, em 15 de março deste ano, para protestar contra o Novo Ensino Médio. O grupo saiu da Praça do Rádio e seguiu pela Afonso Pena até a Praça Ary Coelho.
"É a retomada de um ensino esvaziado e desqualificador que já tinha sido modelo no período da ditadura militar. As únicas disciplinas obrigatórias são Língua Portuguesa e Matemática. É formar para o desemprego. Isso que a reforma significa", criticou uma manifestante na época.
Nesta terça-feira, Camilo Santana admitiu a falta de diálogo para a o novo modelo proposto.
"Nós reconhecemos que não houve um diálogo mais aprofundado da sua implementação, não houve uma coordenação por parte do Ministério da Educação. O ministério foi omisso, principalmente no período difícil que foi a pandemia nesse país, e há a necessidade de a gente poder rever toda essa discussão", afirmou o ministro.
A portaria que deve trazer a suspensão do novo modelo de ensino também suspenderá por 60 dias todos os prazos de outra portaria editada pelo MEC em 2021, incluindo o prazo para que o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) atualizasse as mudanças de avaliação com base no Novo Ensino Médio.
"De forma democrática, vamos ouvir as entidades, vamos ouvir os estados que executam as políticas, vamos ouvir os professores, as entidades estudantis, para que a gente possa tomar decisões com responsabilidade", acrescentou o ministro.
O novo modelo de aprendizagem visa priorizar conteúdos voltados às áreas de conhecimento escolhida pelos alunos. Ou seja, não haveria mais disciplinas individuais, mas sim pelas seguintes áreas:
A carga horária aumenta, passando de 2,4 mil horas para 3 mil horas aula, dividida com linguagens e matemática, que continuam obrigatórias, e os demais conteúdos escolhidos pelos estudantes dentro das áreas mencionadas.
A implementação iniciou em 2022 e aconteceria de forma escalonada até 2024.