A marca dos primeiros cem dias do governo Lula 3 é política, segundo cientista político. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mirou no ex-mandatário, Jair Bolsonaro (PL) pelas dificuldades iniciais de seu terceiro mandato, insistindo na necessidade de reconstruir o Brasil e defender a democracia. É o que avalia Márcio Coimbra: "Claramente, o presidente Lula fala para seu eleitorado e para a população, fala dos juros. Fala de uma série de coisas que deixam ele bem com o eleitorado dele. Mas, geralmente, a gente não olha, nesse aspecto, a questão técnica. O que foi feito até aqui nestes cem dias? Como todo governo, tem aspectos positivos e tem aspectos negativos. Então, o primeiro passo é a gente separar a narrativa dos feitos técnicos realizados", diz o cientista.
Já Paulo Reginaldo, diretor sênior do Ibmec-São Paulo, destaca o ruído das falas de Lula sobre a economia neste período. "O que nós temos visto é muito longe dessa unificação, dessa pacificação. Temos visto um movimento cheio de embates e sobressaltos. Quando a gente olha esse horizonte dos cem primeiros dias, é muito curioso a gente notar que a primeira proposta foi o retorno da discussão sobre a moeda única do Mercosul, unificando. No primeiro momento seria uma moeda, depois seria uma moeda contábil. Já começou ali a discussão econômica do novo governo, trazendo surpresa e críticas", diz. O teste inicial para o governo Lula 3 será discussão no Congresso Nacinoal do novo arcabouço fiscal, proposto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e sua equipe econômica e outros ministros. Possíveis mudanças e, sobretudo, a aprovação pela base governista, longe de mostrar solidez atualmente em Brasília.
*Com informações do repórter Marcelo Mattos