Após os atos de vandalismo, o general se reuniu com o recém-decretado interventor federal na segurança pública do DF Ricardo Cappelli, que queria a prisão instantânea de todos os envolvidos. Cappelli então telefonou para o ministro da Justiça, Flávio Dino, enquanto o general ligou para o ministro-chefe do GSI nomeado por Lula, o general G. Dias. De acordo com relatos apurados, G. Dias confirmou que o presidente queria a prisão imediata dos vândalos, porém o general Dutra argumentou que a operação era arriscada e G. Dias passou o telefone a Lula para que Dutra se explicasse.
De acordo com o depoimento, o general ouviu a ordem do presidente e disse que concordava com a necessidade da prisão, mas acreditava ser uma operação complexa. “Vai morrer gente”, reforçou. Lula então ordenou: “Isso seria uma tragédia. Cerque todo mundo, não deixe ninguém sair e prenda todo mundo amanhã”. O militar também argumentou que a tropa estava cansada e poderia haver confronto desproporcional.
Na manhã seguinte, 1.500 pessoas foram presas preventivamente no acampamento e foram levadas em mais de 40 ônibus para a Superintendência da PF no DF.
No depoimento, Dutra chegou à Academia Nacional de Polícia da PF sem advogados, mas munido também de documentos. O objetivo era comprovar que em momento algum recebeu ordem de qualquer instituição ou judicial para desocupar o acampamento na frente do QG. Segundo ele, nem antes de 31 de dezembro, durante o governo Jair Bolsonaro (PL), nem depois, já no governo Lula. A única determinação sobre a situação, de acordo com o general, foi do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que determinou a prisão e o desmantelamento dos acampamentos em todo o país, ainda na noite do dia 8.
Dos 89 militares do Exército intimados a depor nesta quarta-feira (12) à Polícia Federal, sobre os atos criminosos do dia 8 de janeiro, em Brasília, oito não compareceram.
Os militares faltosos apresentaram atestado ou alegaram outro tipo de desculpa para a ausência. A intimação deles é obrigatória, uma vez que a PF tem competência para investigar militares na esfera federal e com autorização do Supremo.
Os militares que não foram prestar depoimento devem ser intimados novamente pela PF. Mas, segundo apurou a CNN, os principais personagens do inquérito foram ouvidos.
São eles: os generais Gustavo Henrique Dutra de Menezes, então chefe do Comando Militar do Planalto; Carlos José Russo Assumpção Penteado, então secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no dia dos atos de vandalismo de 8 de janeiro; e Carlos Feitosa Rodrigues, então general de Divisão da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial do GSI.
Os três generais seriam os responsáveis pela segurança do Palácio do Planalto, por isso, segundo fontes da PF, a corporação quer identificar se esses militares colaboraram para que a sede do governo fosse invadida, como também se dificultou a retirada dos criminosos do local ou se houve omissão.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Segundo fontes ouvidas pela CNN, general Dutra disse à PF que Lula avalizou adiar prisões no QG do Exército: “Resultariam em mortes” no site CNN Brasil.