A assessora de programas e políticas sociais da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Marcele Frossard, considera o ensino integral um caminho para expandir as possibilidades de desenvolvimento das crianças e adolescentes.
“É possível um acompanhamento mais atento dos alunos, além da possibilidade de se desenvolver para além dos aspectos relacionados com aprendizagem de conteúdos, possibilitando uma nova relação entre escola e alunos”, diz.
O relatório final do grupo de transição do governo Lula apontou retrocessos nas políticas adotadas pelo governo Bolsonaro no campo da Educação. Entre os itens que lidaram com “descaso”, estão programas de ampliação do ensino integral.
Para Claudia Costin, que integrou o grupo, o governo de Jair Bolsonaro (PL) não olhou para o assunto com a necessária prioridade. Corrêa, no mesmo sentido, afirma que o Ministério da Educação (MEC) “jogava muito contra a educação básica”, ao centrar a atuação da pasta em uma ideia de “guerra cultural”.
Desde que assumiu o comando do MEC, o ex-governador do Ceará Camilo Santana (PT) tem indicado que dará prioridade à educação básica, com atenção à educação integral. Costin, porém, alerta para a necessidade priorizar áreas mais vulneráveis.
Ela acrescenta que não basta determinar o aumento da carga horária, mas também ampliar o acesso a bolsas permanência, gastos com alimentação e inserção de atividades que despertem o interesse dos estudantes na grade curricular. Tudo de forma pactuada entre União, estados e municípios.
Frossard defende que, para viabilizar o modelo, será preciso reverter o Teto de Gastos, que controla as despesas do governo federal. “O principal desafio para a realização do PNE no Brasil está relacionado com a crise política e com o entendimento de que o plano é um gasto e não um investimento”, afirma.
O Metrópoles entrou em contato com o Ministério da Educação, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.