O projeto, que ainda está em fase de estudos na Secretaria de Mobilidade e Trânsito, prevê que a motovia fique paralela às pistas da marginal, em uma altura maior do que a das faixas de circulação de carros e caminhões, com estruturas em caracol para que os motociclistas acessem as pontes da Marginal.
Um dos viadutos teria duas faixas em cada sentido para motos. O outro, duas faixas em cada sentido para bicicletas. A proposta poderia fazer o número de mortes de motociclistas da marginal, que no ano passado foram 22, chegar a perto de zero, segundo a Prefeitura.
Veja uma animação com detalhes da proposta:
Embora o projeto ainda seja tratado como “uma ideia” pelo secretário titular da pasta, Ricardo Teixeira, uma decisão já está tomada: se a obra sair do papel, a faixa exclusiva para motos será equipada com uma série de radares de velocidade.
“Se não tiver radar, eles se matam”, afirmou Teixeira, quando falava sobre a ideia ao Metrópoles.
A certeza vem da experiência acumulada pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) durante a operação das “faixas azuis”, vias exclusivas para motocicletas instaladas em grandes corredores da cidade.
Quando estas faixas foram instaladas, no início da operação, sem radares, os motociclistas passaram a correr além dos limites permitidos de velocidade.
“Na na (Avenida) Bandeirantes, existe um retão de quase oito quilômetros. No começo (da faixa azul), eles (os motoqueiros) começaram a correr muito”, disse o secretário.
“Tivemos de colocar meia dúzia de radares lá. E eles passaram a andar mais devagar”, completa. A Faixa Azul da Avenida dos Bandeirantes funciona desde setembro passado.
As faixas azuis são tidas como experiências de sucesso para reduzir o número de mortes de motociclistas. Mas Teixeira afirma que ainda estão feito estudos para avaliar se elas poderiam ser instaladas em vias como a Marginal do Tietê, que têm trânsito pesado de caminhões.
A faixa azul é apenas uma pintura de sinalização específica no asfalto. Com placas e demais obras de adequação que eventualmente se fazem necessárias, elas têm um custo médio estimado em R$ 150 mil.
Já o preço da motovia e da ciclovia elevadas ainda não está fechado. Para isso, seria necessário a contratação de projetos mais robustos, o que ainda não foi feito.
Teixeira conta que a ideia da motovia veio a partir de uma conversa dos técnicos da Prefeitura com um jornalista da Malásia que esteve em São Paulo para conhecer a faixa azul.
Nesse país da Ásia, segundo Teixeira, metade da frota é de motocicletas e as autoridades e a imprensa estão sempre em busca de alternativas baratas e eficientes para reduzir acidentes.
Do diálogo saiu um convite malaio para que autoridades da CET conhecessem experiências de lá. A viagem ocorreu em janeiro.
Aval estadual
Ao enfatizar que o projeto ainda é embrionário, mas que conta com interesse do prefeito Ricardo Nunes (MDB), Teixeira diz que a secretaria resolveu divulgar a ideia para estimular o debate público.
Além de convencer a população de que a ideia é boa, a prefeitura precisa de um aval específico para tocar a obra, a dos “donos” do Rio Tietê.
Como a obra seria feita na margem do rio, é o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), do governo do Estado, que tem de autorizar qualquer obra na área.
“Nós temos que pedir a autorização. Mas a ideia é que nós mesmos que vamos arcar com os custos da obra”, disse Teixeira.
O secretário deverá ter nas próximas semanas uma reunião com a secretária estadual de Meio Ambiente, Logística e Infraestrutura, Natália Resende, para uma primeira apresentação formal do projeto.
Depois de vencidas as dúvidas técnicas, será a vez de um diálogo entre o prefeito Ricardo Nunes e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Teixera lembra que, além das 22 mortes de motociclistas registradas por ano na Marginal do Tietê, mais de 200 pessoas sofrem acidentes, sobrevivem e ficam com sequelas.
Por isso, para ele, cada cálculo deve levar em consideração os custos de salvar essas vidas.
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