Sem conseguir ler os dados, eles mantiveram o nariz da aeronave muito alto, o que causou um estol aerodinâmico – quando a inclinação impede que o ar circule sobre a parte superior da asa e faz com que o avião perca sua sustentação – e levou à queda livre.
A queda do AF447 é vista como um dos poucos acidentes que mudaram a aviação, incluindo melhorias em todo o setor no manuseio da perda de controle.
No centro da discussão está o mistério do porquê uma tripulação que acumulava mais de 20 mil horas de experiência de voo entre eles não conseguiu entender que o jato havia perdido a sustentação e que isso exigia a manobra básica de empurrar o nariz para baixo em vez de puxá-lo para cima, como fizeram durante grande parte do mergulho fatal de quatro minutos em direção ao Atlântico.
A BEA da França disse que a tripulação respondeu incorretamente ao problema de formação de gelo, e não havia tido o treinamento necessário para voar manualmente em alta altitude depois que o piloto automático da aeronave parou de funcionar.
A agência francesa também destacou sinais inconsistentes de uma tela chamada diretor de voo, que desde então foi redesenhada para se desligar em tais eventos para evitar confusão.
O julgamento da Air France e da Airbus teve início em outubro do ano passado, e a audiência de abertura no dia 10 de outubro de 2022 marcou a primeira vez que empresas francesas foram diretamente julgadas por homicídio culposo após um acidente aéreo, em vez de indivíduos.
O julgamento as companhias reverteu uma decisão de 2019, de não apresentar acusações contra nenhuma das empresas em reação à tragédia.
Especialistas dizem que os papéis relativos do erro do piloto ou do sensor serão fundamentais para o julgamento, expondo uma batalha que dividiu a elite aeronáutica da França.
A Airbus culpa o erro do piloto pelo acidente, enquanto a companhia aérea afirma que alarmes e sinais conflitantes confundiram os pilotos.
*Com informações da Reuters e da Agência Brasil
Este conteúdo foi originalmente publicado em Saiba o que causou o acidente fatal no voo da Air France que ia do Rio a Paris em 2009 no site CNN Brasil.