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Indígenas são baleados dentro de terra yanomami; um morre

CAMILA ZARUR, RENATO MACHADO E LEONARDO VIECELIRIO DE JANEIRO, RJ, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Três homens yanomamis foram baleados na tarde do último sábado (29) na comunidade Uxiu, dentro da terra indígena, em Roraima, em um ataque que teria sido promovido por garimpeiros.


O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu enviar para a região uma equipe com as ministras Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e Nísia Trindade (Saúde).
"Com muito pesar soubemos do ataque a tiros de garimpeiros contra 3 indígenas Yanomami, 1 veio a óbito e os outros 2 estão sob atendimento em estado grave", diz nota divulgada no início da tarde deste domingo pelos perfis de Guajajara e do Ministério dos Povos Indígenas no Twitter.

"Uma comitiva interministerial está a caminho de Roraima para reforçar ainda mais as ações de desintrusão dos criminosos", acrescenta a publicação.

O comunicado também afirma que, mesmo com os esforços recentes do governo federal, "ainda faltam muitas ações coordenadas até a retirada de todos os invasores do território".
A Secretaria de Saúde de Roraima informou que as duas vítimas que sobreviveram ao ataque foram transferidas ao Hospital Geral de Roraima. Segundo a pasta, o estado de saúde delas é considerado estável.

Elas foram identificadas como Venâncio Xirixana, que levou dois tiros no abdômen e dois na perna direita, e Otoniel Xirixana, que foi baleado no abdômen e na lombar. Os dois passarão por cirurgia.

A terceira vítima, que não resistiu aos ferimentos, é Ilson Xirixana, de 35 anos. Ele foi baleado na cabeça e morreu na manhã deste domingo (30), antes de ser transferido para a capital do estado. Ele atuava como agente de saúde indígena.
Segundo Júnior Hekurari Yanomami, presidente da associação Urihi e do Condisi-YY (Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kuana), esse é o segundo ataque à Terra Indígena Yanomami desde o início do ano e a troca do governo federal.

O primeiro, diz, foi no dia 23 de fevereiro, quando uma base federal instalada na aldeia Palimiú foi alvo de um atentado a tiros. No confronto, um garimpeiro ficou ferido e foi detido pela PF (Polícia Federal).

"Ainda há muitos acampamentos de garimpeiros escondidos pela região. Alguns deles ficam a poucos minutos de barco das comunidades indígenas", disse Júnior Hekurari à Folha de S.Paulo.

Conforme o líder yanomami, os autores do ataque deste sábado são garimpeiros que ficam instalados próximos à comunidade Uxiu. O Ministério dos Povos Indígenas solicitou reforço do Ministério da Justiça para uma investigação da PF.

Em nota, a Polícia Federal afirmou neste domingo que tomou conhecimento de um "ataque que os indígenas teriam sofrido de garimpeiros" e disse que enviou duas equipes para apurar o caso na região.

De acordo com a PF, "indígenas teriam entrado em confronto e trocado tiros com garimpeiros". A corporação também confirmou o registro de uma morte e de dois feridos.
"Durante as diligências, a PF apurou indícios dos crimes cometidos contra os indígenas, ouviu testemunhas, realizou perícia de local de crime e aguarda a elaboração dos respectivos laudos e relatórios para prosseguimento das investigações", diz a nota.

"Outras diligências seguem em andamento para identificar, localizar e prender os autores dos crimes, enquanto as ações de desintrusão dos invasores das terras indígenas continuam no âmbito da Operação Libertação", acrescenta a PF.

O ataque à comunidade Uxiu é o mais recente episódio de dificuldades envolvendo os yanomamis. Em janeiro deste ano, o Ministério da Saúde decretou situação de emergência para combater a falta de assistência sanitária que atinge o povo, após a verificação de inúmeros casos de desnutrição severa e doenças.

Na sexta-feira (28), Lula participou da cerimônia de encerramento do Acampamento Terra Livre, evento organizado por indígenas para a defesa de seus direitos constitucionais.
Na ocasião, o mandatário anunciou as primeiras homologações de terras indígenas e acrescentou que nenhuma deixará de ser demarcada até o fim de seu mandato, em 2026.

No mesmo evento, no entanto, lideranças também cobraram não apenas o cumprimento dessa promessa assim como mais recursos para a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas). Servidores do órgão ainda levantaram cartazes cobrando um plano de carreira.

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