Segundo médicos, há um apagão de vagas pediátricas no estado devido a um aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave, associada ao vírus sincicial respiratório (VSR).
Segundo relata um médico da unidade ouvido pela reportagem, que pediu para não ser identificado, não há vaga de UTI pediátrica no estado de São Paulo e, por isso, não havia opção para onde encaminhar a criança.
Sem os recursos adequados, o estado de saúde da criança foi piorando ao longo da semana, conta. A saturação chegou a 33% –o normal é igual ou acima de 95%–, e o coração chegou a 200 batidas por minuto, quando deveria ser de 130, no máximo.
Outro médico, vinculado a um hospital municipal, diz que nas últimas semanas há uma queixa generalizada de falta de vagas de UTI neonatal e pediátrica.
Na noite desta segunda (1º), a Secretaria de Estado da Saúde informou que o paciente seria transferido para o Hospital Cândido Fontoura para "seguir tratamento em UTI pediátrica".
A medida ocorreu após a Folha de S.Paulo questionar o secretário estadual de Saúde, Eleuses Paiva, sobre um eventual apagão de vagas de UTI pediátrica e informá-lo sobre o drama do menino.
Paiva negou que haja colapso de vagas estaduais, mas diz que houve aumento da pressão nas urgências, emergências e UTIs dos hospitais devido à circulação do vírus respiratório.
"Temos a circulação do vírus sincicial respiratório, não só em São Paulo mas em outros estados do Sul e do Sudeste. Ele tem acometido crianças e neonatos causando um quadro de insuficiência respiratória, precisando de intubação. Em geral, a evolução é boa", afirmou.
Segundo o secretário, a rede estadual tem ampliado as vagas de UTI pediátrica e neonatal, e nos próximos dias a tendência é de arrefecimento do número de casos da síndrome viral.
"Essa epidemia já data de uns 30, 40 dias, e nós acreditamos que estamos na fase final dela. Em 15, 20 dias, nós estaremos saindo dessa fase."
A avó, Adriana Silva, disse que no último dia 23 o menino apresentou um quadro de falta de ar e foi levado rapidamente para o pronto-socorro do hospital de Cotia.
"Ele foi internado e na terça já intubaram. Depois, disseram que ele estava com água no pulmão e colocaram um dreno. Depois falaram que ele tinha uma infecção devido ao dreno."
Adriana conta que, com a piora do quadro de saúde, a criança chegou a ser transferida de ambulância na madrugada de domingo (30) para um hospital de Itapecerica da Serra, que tem UTI pediátrica.
"Chegando lá, disseram que não tinha vaga, e a ambulância voltou com o menino de novo para Cotia. Ele está com sonda nasogástrica, ligado a um monte de aparelhos. Fica esse jogo de empurra-empurra. É desesperador."