O Enfoque MS noticiou na sexta-feira, que Segunda-feira terá discussão de PP para comunidades indígenas da Capital . A AP (Audiência Pública) já aconteceu na manhã de hoje, com lideranças indígenas de Campo Grande apresentando, uma série de demandas das comunidades. A audiência contou com a participação de diversas lideranças indígenas, representantes de órgãos públicos e autoridades no assunto.
"Houve uma desvalorização e um desrespeito aos povos indígenas. É importante que façamos essa reparação. Essa audiência é para sabermos se estamos no caminho. E, para saber, queremos ouvir os povos indígenas. Eles têm que nos dizer se estamos no caminho certo", disse o vereador Prof. André, que propôs o debate pela AP.
"A participação da sociedade organizada, com a participação desses povos, agregará valor ao nosso crescimento. Temos que crescer sempre e de forma sustentável. Não podemos destruir o meio ambiente a título de crescimento", continuou.
O llíder da Setorial Indígena do Rede Sustentabilidade, Aguinaldo Arruda Areco, cobrou mais ações do poder público na periferia da cidade. "Precisamos ter resultados e avanços. Os jovens indígenas hoje, em Campo Grande, têm enfrentado muito o assédio do álcool e do tráfico de drogas. Precisamos avançar em relação ao esporte dentro dessas comunidades indígenas", propôs.
Melhorias na infraestrutura
Já o cacique da Comunidade Indígena Água Funda, Ivaneis Gonçalves Moreira, pediu melhorias na infraestrutura da região. "Vivemos em situação de extrema vulnerabilidade. Não temos coisas básicas, como moradia e educação, já que a escola mais próxima fica a mais de um quilômetro, e as crianças vão a pé. Temos mais de 100 crianças, a maioria terenas. São 92 famílias, e mais de 400 moradores. Necessitamos desse olhar do poder público", pediu.
O presidente do Conselho Municipal de Direitos e Defesa dos Povos Indígenas, Auder Romeiro Larrea, também pediu avanços nas áreas de educação, saúde e infraestrutura. "Falo como morador da Aldeia Água Bonita, pois é o morador que sente na pele o que acontece dentro da comunidade. A maioria das comunidades estão no chão, sem asfalto", exemplificou.
Para a advogada Tatiana Ujacow, a luta é antiga, alguns passos são dados, mas faltam esforços efetivos. "Nossos primeiros habitantes estão padecendo com educação, saúde, transporte e moradia precárias. Até onde vamos para sensibilizar os governos sobre essa situação? As situações não se modificam, os clamores são os mesmos, e as vozes não são ouvidas. Há quanto tempo falamos de desnutrição? A voz principal a ser ouvida é de quem está ali sofrendo. O indígena que deixa sua aldeia, não deixa de ser indígena. Os povos carregam sua tradição e sua cultura, e assim devem ser respeitados e ouvidos", afirmou.
Mesmo formados tem dificuldades
Já a advogada Gisele Marques observou que alguns indígenas, mesmo com ensino superior e até mesmo Mestrado, encontram dificuldades para ingressarem no mercado de trabalho. O motivo, segundo ela, seria o preconceito, e é preciso medidas do poder público.
"Muitos se capacitam e não conseguem emprego. É preciso incentivos, talvez do Poder Executivo. Mas podemos fazer uma indicação para que a chefe do Executivo elabore um projeto de lei para mandar a essa Casa para criar benefício fiscal às empresas que empregarem mão de obra indígena", sugeriu.
O debate foi convocado pela Comissão Permanente de Meio Ambiente da Câmara Municipal, composta pelos vereadores Zé da Farmácia (presidente), Silvio Pitu (vice), Dr. Jamal, Betinho e Prof. André Luís.
Fonte: Ascom CMCG