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É hora de temer a febre maculosa? Veja quando se preocupar com a doença

RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - Após o surto de coronavírus, qualquer notícia sobre avanço de doenças pode causar preocupação.


Segundo médicos, a doença é comum na região Sudeste do país e no norte do Paraná. No momento, os pontos mais afetados pelo carrapato-estrela contaminado são a macrorregião de Campinas e Piracicaba, incluindo locais como Jundiaí e Mogi Mirim. O tratamento deve ser imediato, mas apenas quem tem sintomas e visitou locais de infecção deve procurar atendimento médico.

QUANDO SE PREOCUPAR?

Segundo o médico epidemiologista André Ribas Freitas, professor da faculdade São Leopoldo Mandic de Campinas, o monitoramento deve ser feito caso a pessoa tenha visitado ou planeje ir até áreas conhecidas por abrigarem carrapatos do tipo.

"Se houver febre, tem que informar o médico de que esteve nesses locais para que o especialista possa introduzir o antibiótico adequado", pontua.

Freitas diz que essas informações são essenciais para o diagnóstico correto e, consequentemente, para o cuidado que a doença exige.

"O quadro inicial pode ser confundido com o de qualquer outra doença, não é muito característico. Pode-se confundir com dengue, com uma gripe um pouco mais forte, com qualquer outro quadro viral que dê febre", diz o epidemiologista.

COMO PREVENIR?

Quem visitar locais de mata, como casas de campo ou ranchos, é importante estar atento. O médico do Hospital Emílio Ribas indica usar roupas claras para visualizar melhor a presença de carrapatos, por exemplo. Quem estiver em zonas verdes (urbanas ou rurais) que contenham animais silvestres, como capivaras, ou domésticos, como cavalo e cachorro, deve usar repelente de insetos. O produto ajuda a repelir o carrapato.

Outra dica é manter o corpo bem coberto, com meias por cima da calça, por exemplo, e aplicar repelente na pele e na roupa. Silva afirma que os tutores de animais domésticos devem prestar atenção aos bichos de estimação, pois cães podem transportar o carrapato em viagens de família.

Já Freitas pontua que, apesar do carrapato que transmite a febre maculosa atacar principalmente capivaras, cavalos e mamíferos, ele também pode estar em aves.

"Quando nessas áreas, é muito importante fazer uma inspeção quando sair do local para ver se encontra carrapato e retirar. Outra opção é usar sabonete acaricida, que é um sabonete que pode matar o carrapato. São esses que usam para piolho, para sarna", diz o epidemiologista.

QUAIS OS SINTOMAS E TRATAMENTO?

O tratamento é feito com antibióticos como tetraciclina e cloranfenicol e deve ser procurado assim que ocorrerem manifestação dos sintomas, normalmente entre o 7º e o 14º dia após a picada.

O quadro inclui febre alta, dor no corpo, forte dor de cabeça, mal-estar, manchas avermelhadas pelo corpo e manchas roxas. O agravamento ocorre em torno do quarto ou quinto dia.

"É quando surgem os primeiros fenômenos hemorrágicos, as manchas na pele, icterícia. Mas quando está nessa fase, o tratamento tem uma eficácia bem menor, então é importante que seja feito ainda no quadro inicial, quando os sintomas são inespecíficos", reforça Freitas.

Os especialistas apontam ainda que todas as idades estão sujeitas a desenvolver a versão mais letal.

"A febre maculosa é uma doença grave em todas as faixas etárias, tanto que as pessoas que estão morrendo são jovens e previamente saudáveis. Não é uma doença que se caracteriza por um grupo específico que seja mais vulnerável", afirma.

COMO É TRANSMITIDO?

Os principais carrapatos que transmitem a febre maculosa no Brasil são Amblyomma cajennense (carrapato-estrela), Amblyomma cooperi (dubitatum) e Amblyomma aureolatum (carrapato amarelo do cão). A fase de transmissão mais acentuada ocorre em sua fase larval, que acontece entre o outono e a primavera.

No interior de São Paulo, a doença está mais associada ao carrapato-estrela que, vive em áreas de mata e beira de rios. Apenas os carrapatos infectados pela bactéria tem capacidade de transmissão. Como o carrapato é parasita de animais silvestres e domésticos, o problema pode ocorrer tanto em zona rural como urbana, além de se espalhar à medida que a espécie sem a bactéria picam animais infectados.

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