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Líder mercenário foi presidiário, vendedor de cachorro-quente e "chef de Putin"

Prigojin, fundador do Grupo Wagner, teve ascensão meteórica após fundar companhia militar privada que atuaria na Ucrânia A então presidente Dilma Rousseff, de preto, durante encontro com Vladimir Putin em Moscou; atrás do líder russo está Ievguêni Prigojin; na mesa, respectivamente nos extremos esquerdo e direito da foto, estão o líder da China, Xi Jinping, e o premiê da Índia, Narendra Modi – Roberto Stuckert Filho – 8.

Por Midia NAS em 24/06/2023 às 19:08:32

A então presidente Dilma Rousseff, de preto, durante encontro com Vladimir Putin em Moscou; atrás do líder russo está Ievguêni Prigojin; na mesa, respectivamente nos extremos esquerdo e direito da foto, estão o líder da China, Xi Jinping, e o premiê da Índia, Narendra Modi

A então presidente Dilma Rousseff, de preto, durante encontro com Vladimir Putin em Moscou; atrás do líder russo está Ievguêni Prigojin; na mesa, respectivamente nos extremos esquerdo e direito da foto, estão o líder da China, Xi Jinping, e o premiê da Índia, Narendra Modi – Roberto Stuckert Filho – 8.jul.15/Presidência da República/Divulgação
IGOR GIELOW
FOLHA DE S.PAULO

BRASÍLIA – Liderar um motim armado contra forças federais da Rússia em plena Guerra da Ucrânia é a mais recente adição ao impressionante currículo de Ievguêni Prigojin, 62, um exemplo vivo da ascensão social no país após o fim da União Soviética, em 1991.

Prigojin nasceu em Leningrado, hoje São Petersburgo, a mesma cidade natal de Vladimir Putin. Órfão de pai, logo caiu em uma vida de pequenos crimes, assaltos principalmente, e no fim de 1980 foi preso com uma sentença de 13 anos.

Acabou solto em 1990, no ocaso do império comunista, sem ter vivenciado a efervescência democrática e caótica da abertura promovida por Mikhail Gorbatchov. Mas aproveitou cada oportunidade na terra de ninguém que a Rússia se tornara.

Passou a vender cachorros-quentes com sua mãe, e logo era dono de uma rede de supermercados, cortesia do ultracapitalismo selvagem vigente. Abriu dois restaurantes, sendo que o mais famoso, o Antiga Aduana, virou um ímã para artistas e políticos de São Petersburgo.

O que veio a seguir foi meteórico. O grupo Concord, de Prigojin, começou a crescer e a oferecer serviços de alimentação de luxo para dignitários estrangeiros. O hoje rei Charles 3° foi um deles, em 2003, com George W. Bush sendo outro em 2004, recebido por Putin.

Contratos públicos começaram a surgir, e Prigojin se tornou o fornecedor da alimentação no Kremlin e de toda a rede pública de Moscou —dali veio o apelido “chef de Putin”. Sua figura sempre foi discreta, apesar de que, para seus subordinados, pelos relatos disponíveis, ele é um misto de ditador violento e paizão compassivo.

Seguiu servindo de forma obsequiosa o chefe, como uma foto de 2015 com ele junto à mesa em que jantavam líderes do Brics, inclusive a então presidente brasileira Dilma Rousseff (PT), mostra.Ievguêni Prigojin (à esq.) auxilia o então premiê russo, Vladimir Putin, durante jantar com acadêmicos e jornalistas estrangeiros no restaurante Cheval Blanc, nos arredores de Moscou, em 2011Ievguêni Prigojin (à esq.) auxilia o então premiê russo, Vladimir Putin, durante jantar com acadêmicos e jornalistas estrangeiros no restaur

Segundo analistas militares, o grupo começou modesto, auxiliando os separatistas da Crimeia a realizar o referendo não reconhecido pela ONU que levou a península ucraniana de maioria russa a se integrar à Rússia. Logo depois, estava envolvido em combates na guerra civil do leste do país, o Donbass.

O grande salto para Prigojin veio no mesmo ano em que serviu Dilma: a intervenção de Putin na guerra civil síria. Apesar de a presença russa ser oficial, muito do serviço sujo era feito pelos mercenários, exatamente como Bush havia feito no Afeganistão e no Iraque antes.

Com os irregulares, a responsabilização por eventuais abusos ficava no vazio legal. A operação do Wagner cresceu muito, e ele passou a operar na África, onde se envolveu ou deu consultoria militar em cerca de dez países, Líbia e República Centro-Africana à frente.

Três jornalistas russos que foram à República Centro-Africana investigar suas atividades foram mortos em circunstâncias misteriosas. Em Moscou, o agora proscrito jornal Novaia Gazeta teve uma cabeça de bode cortada entregue em sua porta após publicar reportagem sobre o Wagner.

Segundo um analista militar russo que esteve em recepções com Prigojin, ele é uma figura rude no trato quando não se trata de uma autoridade superior e gosta de se gabar da violência que o forjou no sistema prisional soviético.

O analista também valida o relato de perfis publicados sobre o empresário, de que ele falava em nome de Putin para asseverar sua posição. Ao longo dos anos, contudo, o presidente se afastou do aliado.

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