O Social Media Index (SMI) da Echobox mostra a porcentagem de tráfego das publicações que se origina de diferentes redes sociais. Por isso, não inclui plataformas como a busca do Google e o WhatsApp.
O gráfico do SMI indica que a atual queda na audiência vinda do Facebook começou em meados do ano passado, após atingir um pico de 15%. Desde então, vem caindo constantemente.
De acordo com a empresa, grupos como o Reach, no Reino Unido, e o BuzzFeed, nos Estados Unidos, foram afetados em graus variados pela queda nas visualizações a partir das redes sociais.
"É difícil dizer com certeza quais são as causas, mas o Facebook não fez segredo sobre sua intenção de priorizar menos as notícias em sua plataforma e dar maior ênfase ao conteúdo de vídeo, o que naturalmente resulta em menos tráfego por cliques", disse o CEO da Echobox, Antoine Amann, ao site Gizmodo.
"Pode ser extremamente desafiador para as publicações depender de plataformas terceiras, com desempenho e receitas severamente impactados por mudanças algorítmicas sobre as quais não se tem controle."
Segundo o Gizmodo, a mudança começou em fevereiro e se acentuou nos meses seguintes. Procurada pelo portal, a Meta não se pronunciou.
Apesar de ser acentuada, a queda no tráfego do Facebook não é inédita. A mais duradoura, segundo dados da Echobox, ocorreu entre 2016 e 2018, quando a rede social alterou o algoritmo para favorecer conteúdos gerados pelos próprios usuários.
No entanto, o Facebook continua sendo a maior fonte de tráfego do tipo para as publicações. Mesmo nos níveis atuais, gera cerca de sete vezes o tráfego do Twitter –a parcela do Instagram é ainda menor.
Entre as causas, o relatório da Echobox aponta as disputas regulatórias que as big techs enfrentam em alguns países e o rápido crescimento do TikTok e de conteúdos em vídeo nos últimos anos.
A queda do tráfego vindo do Facebook ocorre enquanto países como Austrália e Canadá aprovam leis que obrigam as grandes plataformas a remunerar conteúdo jornalístico.
A Austrália foi pioneira com seu código, que entrou em vigor em março de 2021. O modelo determina que veículos negociem de forma individual ou coletiva (para aumentar o poder de barganha) com as plataformas o pagamento pelo conteúdo jornalístico. Caso não cheguem a um acordo, está prevista a arbitragem.
As plataformas se opõem ao código de barganha. Quando ele foi adotado na Austrália, o Facebook chegou a bloquear o compartilhamento de notícias na plataforma por uma semana e depois voltou atrás. O Google tinha ameaçado acabar com o mecanismo de busca no mercado australiano se a lei entrasse em vigor, mas não foi adiante.
A Meta adotou a mesma estratégia na quinta-feira (22), após o Canadá aprovar projeto semelhante. O texto aguarda sanção da governadora-geral do país, Mary Simon.
"Confirmamos que a disponibilidade de notícias será encerrada no Facebook e Instagram para todos os usuários no Canadá antes que o Ato de Notícias Online (projeto de lei C-18) entre em vigor", disse a big tech em comunicado.
Segundo o primeiro-ministro Justin Trudeau, as plataformas aplicam "táticas de intimidação".
"O fato de que esses gigantes da internet prefiram cortar o acesso dos canadenses às notícias locais a pagar sua parte justa é um problema real, e agora eles estão recorrendo a táticas de intimidação para tentar conseguir o que querem –não vai funcionar", disse Trudeau a repórteres em Ottawa.
No Brasil, o PL (projeto de lei) das Fake News incluía o pagamento por parte das plataformas pelo conteúdo jornalístico utilizado, mas, em meio a entraves e forte oposição das big techs, os deputados retiraram a remuneração do texto em discussão na Câmara, para tentar aprová-lo depois em outro projeto separado.
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