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Indústria de cosméticos usa IA para consumidor 'testar' produtos na tela

(FOLHAPRESS) - Conferir a cor de um batom ou de uma base na tela muitas vezes não é o suficiente para fazer uma boa escolha.

Por Midia NAS em 17/07/2023 às 05:59:26

A indústria de cosméticos e beleza tem usado a inteligência artificial para aumentar o nível de segurança nestas situações, envolvendo a compra ou o lançamento de produtos. Empresas como as multinacionais L'Oréal, Natura & Co. e a brasileira Boticário vêm investindo cada vez mais em tecnologia a fim de garantir assertividade nas escolhas, seja por parte do consumidor ou das suas próprias apostas no mercado -que, por sinal, só cresce.

O Brasil é o segundo maior mercado de perfumaria do mundo, só atrás dos Estados Unidos. As vendas em 2022 movimentaram US$ 6,8 bilhões (R$ 32,6 bilhões), segundo a consultoria Euromonitor. Em maquiagem, o país está entre os dez maiores consumidores globais, com faturamento de US$ 2 bilhões (R$ 9,5 bilhões) no ano passado.

A L'Oréal, o maior conglomerado do mundo no setor de beleza, com faturamento de US$ 38,26 bilhões em 2022 (R$ 183,1 bilhões), vem usando a ferramenta de realidade aumentada ModiFace para incrementar suas vendas. "É uma ferramenta poderosa de recomendação para a consumidora", diz Guilherme Eler, diretor de novos negócios e inovação da L'Oréal Brasil. A companhia comprou a ModiFace em 2018 e, desde então, ofereceu mais de 1.400 serviços por meio da realidade aumentada, envolvendo rosto e cabelos.

Entre eles está o Clube da Beleza virtual, uma parceria da marca Maybelline, da L'Oréal, com a Shopee: no aplicativo da varejista online, é possível "experimentar" as cores e os efeitos de batons, bases e máscaras de cílios.

Outro serviço foi o Effaclar Spotscan, da marca La Roche-Posay. A ferramenta de análise de pele utiliza um banco de dados de 6.000 imagens científicas de homens e mulheres com diferentes tipos de pele e diferentes níveis de severidade de acne para apontar qual o melhor tratamento.

"O cliente tira três selfies e recebe uma recomendação personalizada da rotina de cuidados que ele deve adotar", diz Eler. Segundo o executivo, depois que a ferramenta foi lançada, a taxa de conversão em vendas dobrou e o tíquete médio ficou 25% maior.

Em junho, a L'Oréal participou do Viva Technology 2023, em Paris, quando apresentou as novidades em dispositivos de diagnóstico alimentados por dados. Entre elas, está o Kérastase K-Scan: uma ferramenta de diagnóstico capilar online. Ao responder a uma série de perguntas, que dura cerca de dois minutos, a consumidora recebe a indicação da rotina de beleza que o seu cabelo precisa.

Algo semelhante já é oferecido pela multinacional brasileira Natura & Co., dona das marcas Natura, Avon e The Body Shop. A empresa lançou a recomendação personalizada de produtos Lumina via diagnóstico capilar. Por meio de um aplicativo, da câmera do smartphone e de uma lente portátil acoplada ao aparelho, é possível aumentar em até 20 vezes a resolução de imagem do fio de cabelo para observar os danos presentes.

Para padronizar as imagens e obter assertividade no diagnóstico, um banco de dados foi construído contendo mais de 18 mil imagens de referência de fios, contemplando cabelos de diferentes curvaturas, cores e níveis de danos, incluindo a diversidade da população.

Dessa forma, foi possível reconhecer padrões nas imagens referentes ao dano da superfície dos fios, o que permitiu gerar o algoritmo de IA para o diagnóstico personalizado com uma precisão que vai se aprimorando, à medida que são incluídas novas imagens no banco de dados. Ou seja, o próprio sistema vai reaprendendo e se atualizando, por meio do processo de machine learning.

A inteligência artificial do diagnóstico capilar hoje é capaz de recomendar mais de 15 mil combinações de produtos da linha Natura Lumina. A inovação está presente em nove lojas físicas da Natura.

Já no Boticário, a IA começa a ser usada no controle de qualidade dos produtos. Por meio de um software proprietário, o Lyra, a empresa vem trabalhando no cruzamento de dados sobre fórmulas e embalagens com os testes de estabilidade de produtos, antes mesmo do lançamento. O teste serve para conferir a eficácia de itens como cremes e maquiagens.

"Reunimos os dados dos últimos 14 anos, envolvendo 3.000 estudos de estabilidade, com 7.500 testes feitos ao ano, e vamos começar a cruzar essas informações", afirma Juliana Canellas, diretora de qualidade do grupo Boticário -dono de marcas como Boticário, Eudora e Quem Disse, Berenice?.

O objetivo, segundo ela, é diminuir o tempo de chegada do produto ao consumidor final, além de reduzir custos com os testes. "A nossa expectativa é adiantar o lançamento de um produto entre 60 e 90 dias, além de gerar uma economia de R$ 6 milhões ao ano com testes de estabilidade."

A empresa foi a primeira a fazer uso da inteligência artificial para produzir um perfume -o Egeo, lançado em 2019. Desde então, os investimentos em tecnologia se aceleraram. Nos últimos quatro anos, a empresa multiplicou por dez os investimentos na área (não revelados). Em pessoal, a equipe passou de 200 para 2.500 pessoas, no esforço para trazer mais inovação e qualidade aos produtos.

Tags:   Tech
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