Corumbá (MS)- Um policial civil e um policial militar, ambos da ativa, foram detidos na tarde desta segunda-feira, 17 de julho, acusados de participarem de um assalto a mão armada contra duas pessoas que estavam em um veículo de aplicativo na parte alta de Corumbá.
Segundo informações do boletim de ocorrência a que o Folha MS teve acesso, as vítimas tiveram duas malas contendo cabelo humano compradas na Bolívia e avaliadas em R$ 150 mil reais, roubadas do carro em que estavam pelos criminosos.
Conforme relato da ocorrência, a vítima abordou uma viatura da Polícia Militar que passava pelo local logo após o roubo, e relatou ter sido vítima de um assalto, repassando as características dos autores e do veículo em que estavam.
Imediatamente os policiais embarcaram a vítima na viatura e seguiram em diligências nas proximidades, localizando o automóvel suspeito com as mesmas características ocupado por três indivíduos e que seguiam em alta velocidade em direção ao anel viário.
De imediato foi feita solicitação de apoio, uma vez que a informação é de que os autores estariam armados.
A guarnição iniciou a tentativa de abordagem na Rua Vinte e Um de Setembro, esquina com a Rua Santa Catarina, onde o veículo parou. O condutor ao desembarcar do automóvel se identificou como policial civil e que estaria acompanhado pelo cabo da Polícia Militar, e por um indivíduo chamado Eric.
Questionado a respeito do fato, o policial civil apresentou nervosismo e respostas confusas sobre o motivo de estar conduzindo o automóvel que não possuía placa dianteira e estava com placas adulteradas com fita adesiva.
Com a chegada dos reforços incluindo o oficial de dia do 6º Batalhão da Polícia Militar, a vítima foi questionada novamente a respeito do fato e de imediato reconheceu os três indivíduos como sendo os autores do assalto e relatou que registrou imagens da abordagem com seu aparelho celular.
Os policiais estavam acompanhados de um terceiro indivíduo, que cumpre pena por condenação criminal e é monitorado eletronicamente. Segundo relatos da vítima, foi ele que, em posse de uma arma de fogo obrigou o motorista de aplicativo a parar o carro e colocou a arma em sua cabeça dizendo que daria um tiro.
Enquanto isso, os policiais que utilizavam toucas na cabeça, teriam ido em direção ao porta malas e roubados as bagagens onde estariam os cabelos avaliados em R$ 150 mil reais.
Posteriormente os autores fugiram. Aos militares, o policial civil tentou justificar que estaria atuando em um suposto flagrante de contrabando, pois teria recebido uma informação sobre a passagem clandestina de materiais pela estrada cabriteira, na fronteira com a Bolívia, embora estivesse de folga e informou não ter repassado à delegacia que é lotado, nenhuma informação sobre o fato.
Já o policial militar confirmou que estaria acompanhando o policial civil apenas para dar "apoio ao flagrante" e que estaria atuando em sua escala de folga, mas que não repassou ao oficial de dia sobre sua participação no suposto flagrante. O policial, militar teve sua arma momentaneamente retirada e se tratava de armamento pertencente a Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul.
Foi realizada uma vistoria no automóvel utilizado pelos autores e encontrado em seu interior, um coldre, três meias utilizadas no rosto dos autores durante a abordagem e as duas malas contendo cerca de 50 quilos de mechas de cabelo.
Uma viatura da Polícia Militar retornou ao local da abordagem e em vistoria no entorno, localizaram uma arma de airsoft e o aparelho celular do terceiro indivíduo jogado no chão.
Na delegacia, os fatos foram repassados ao delegado responsável, que recolheu o celular da vítima contendo os registros da abordagem, bem como os demais objetos apreendidos em posse dos autores.
Durante a confecção do boletim de ocorrência a vítima ainda apresentou seis notas fiscais de compra de várias quantidades de cabelo com datas anteriores a esta data do fato, tais notas foram entregues a equipe plantonista da delegacia. Todas as partes qualificadas foram encaminhadas para delegacia para registro e providências dos fatos.
A reportagem tentou contato com o delegado responsável pelo caso e com o comando do 6º BPM e aguarda o retorno.