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Jamilzinho diz que foi envolvido no caso devido ao arsenal encontrado em imóvel que estava no seu nome: "Nunca pisei lá!"

"Não tô aqui para fazer teatro, tô aqui para falar a verdade", foi com essa frase que o réu Jamil Name Filho deu início ao seu depoimento nessa terça-feira (18), no fórum do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), em Campo Grande.

Por Midia NAS em 18/07/2023 às 23:30:24

"Não tô aqui para fazer teatro, tô aqui para falar a verdade", foi com essa frase que o réu Jamil Name Filho deu início ao seu depoimento nessa terça-feira (18), no fórum do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), em Campo Grande. Ele está sendo julgado pela morte do estudante de direito Matheus Coutinho Xavier, de 20 anos, em crime ocorrido no mês de abril de 2019 na Capital.

Conhecido pelo apelido de Jamilzinho, ele entrou no júri e agradeceu por estar novamente em Mato Grosso do Sul, após passar quatro anos cumprindo pena no Presídio Federal de Mossoró (RN). No primeiro momento, o acusado falou sobre o pioneirismo de sua família no Estado e também da morte de pai, Jamil Name, momento este em que se emociona e fez várias pausas.

Em seguida, como parte da estratégia de defesa, ele citou que tem três filhos, sendo o mais velho com 20 anos, o segundo com 15 e o caçula de apenas três anos. Sobre o mais novo, Jamilzinho mencionou que o menino quis parar de ir para a escola por conta de sua prisão e que também passou a ser ameaçado pelos colegas.

Em seguida, detalhou que Marcelo Rios era um "guardinha" municipal e que trabalhava na casa da Família Name como motorista particular. Na sua fala, citou que por uma "questão cultural árabe" sempre morou na mesma casa que seus pais e junto dos filhos. O réu afirma que, por questão de respeito, a última palavra da família era de Jamil Name (pai).

Questionado sobre o envolvimento dele no jogo do bicho, Jamilzinho negou. "Eu não atuo no jogo do bicho. Eu atuei em empresa de promoção de loteria em Mato Grosso do Sul". Também alegou que não tinha inimizade com as testemunhas.

Em outro momento, o réu tratou da relação que tinha com o pai da vítima, Paulo Xavier, o PX. Na sua versão, apontou que o conheceu em 2010 e que estes tinha uma ligação com Major Caravalho, sendo que este segundo sabia que PX havia sido preso em uma operação que envolvia o “Pablo Escobar Brasileiro”.

De acordo com o réu, quem apresentou PX ao Jamilzinho foi um advogado chamado Davi, três meses após o ex-capitão ter saído da prisão. Segundo Jamilzinho, o empresário pagava R$ 3 mil por mês para o PX "aparecer" na casa da Família Name. Até o show de David Gueta foi mencionado. Jamilzinho afirmou que foi com PX de segurança ao evento.

Sobre Juanil, que supostamente atirou contra Matheus, Jamilzinho negou saber quem era. “Eu fazia uso de um remédio e fiz a cirurgia bariátrica. Desde 2009, eu tive problemas pessoais, no meu casamento, guarda dos meus filhos, coisas de negócio… Eu tenho um defeito de não conseguir falar não”, disse.

No ponto chave do depoimento dele, Jamilzinho frisou que a execução de Matheus tem a ver com facções criminosas e novamente menciona que Juanil era membro de facção e que Rios se envolveu no crime. Para ele, o seu nome apareceu na operação porque foram encontradas armas na sua casa, no bairro Monte Líbano, embora ele mesmo não sabia que estavam lá e que nunca pisou naquele imóvel.

"Eu não fui mandante da morte de Paulo Xavier [pai da vítima e verdadeiro alvo naquela execução], nem de ninguém. Graças a Deus eu não tenho essa índole, como é que eu vou dizer pro senhor [juiz], essa maneira de lidar com as coisas", afirmou. Sobre as armas que foram encontradas, apontou que eram de uma facção criminosa. "Para mim, essas armas não eram só do Juanil, para mim, ele era do PCC", disse, citando que o Juari era integrante desta organização.

Chamou atenção o fato de que, ainda no início do depoimento, Jamilzinho pergunta o nome de Cristiane e, em seguida, afirma que não a conhece. Pouco tempo depois, ele fala o nome completo da advogada, mãe da vítima e que está atuando como assistente da acusação, e ainda menciona para o termo "seu ex-marido" ao relação ao PX, pai da vítima.

Name ressaltou que foi transferido para o presídio federal de Mossoró no pior período que podia, no caso, durante o auge da pandemia provocada pela Covid-19, doença essa que acabou provocando a morte do seu pai na mesma prisão.

O julgamento

O julgamento do trio Jamil Name Filho, Vladenilson Olmedo e Marcelo Rios começou na segunda-feira (17), na 1ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande. No primeiro dia, durou cerca de 9 horas. O juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara, é o magistrado responsável e reservou a semana inteira para o julgamento. O caso também tinha como acusado Jamil Name, que morreu na cadeia, em maio de 2020, vítima da Covid-19.

O empresário Jamil Name Filho é acusado de ser um dos mandantes do crime, que teria sido planejado pelo ex-guarda civil Marcelo Rios e o policial aposentado Vladenilson Olmedo. Os dois agentes de segurança teriam, conforme a acusação, intermediado a contratação de assassinos de aluguel. Os três estão presos desde 27 de setembro de 2019, quando foi desencadeada a primeira fase da operação Omertà.

O julgamento é o primeiro da milícia de uma organização criminosa ligada ao jogo do bicho em Mato Grosso do Sul, e que segundo as investigações era chefiada por Jamil Name e por Jamil Name Filho.

Matheus foi assassinado no dia 9 de abril de 2019, com tiros de fuzil AK-47, no bairro Jardim Bela Vista, em Campo Grande, quando manobrava a caminhonete do pai. O alvo verdadeiro, conforme as investigações, era o pai do jovem, Paulo Roberto Teixeira Xavier, ex-capitão da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, considerado desafeto da família Name.

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