As ordens judiciais tĂȘm como objetivo dar mais elementos de informação no âmbito de dois inquéritos policiais em curso na SuperintendĂȘncia da PolĂcia Federal em BrasĂlia.
"Em uma das ocasiões, para atender interesses de empresa do setor de transporte interestadual de passageiros, o servidor solicitou o pagamento de R$ 240 mil a particular ligado à referida pessoa jurĂdica. HĂĄ indĂcios de que os valores das solicitações indevidas consideravam, por exemplo, o grau de lucratividade das linhas de ônibus sobre as quais se demandava registro por parte da ANTT", acrescentou a PF.
JĂĄ o segundo procedimento, além do pagamento de vantagens indevidas ao ocupante de cargo efetivo da ANTT, também apura atos praticados por ex-servidores comissionados da autarquia. "HĂĄ indĂcios de que, em comunhão de desĂgnios, os investigados procediam com o acesso de informações internas ao órgão e, posteriormente, as utilizavam em benefĂcio de interesses privados", disse a PF.
Outra constatação da operação é que uma das investigadas, mesmo após o término de seu vĂnculo com a ANTT, continuou acessando, por cerca de 1 ano, as estruturas fĂsicas e sistemas internos da agĂȘncia. Foram identificados 17.989 acessos indevidos. As violações, segundo a PolĂcia Federal, só foram possĂveis em razão da anuĂȘncia por parte de então ocupante do cargo de Assessor Técnico para o Transporte Internacional da ANTT. HĂĄ ainda a suspeita de que parte das informações tenham sido repassadas a um terceiro investigado que, por consequĂȘncia, as utilizava como "moeda de troca", junto a particulares, em razão do recebimento de vantagens indevidas.
Ainda segundo a PF, consta a informação de que, agindo em nome da ANTT, os investigados procediam com a comercialização de estudos e consultorias em favor de entes pĂșblicos municipais de diferentes unidades da federação.
A PF informou também que os envolvidos jĂĄ foram alvo de outras comunicações que apontam, em diversas ocasiões, que teriam praticado atos de ingerĂȘncia em processos em trâmite junto à ANTT, com o objetivo de beneficiar determinadas empresas, em detrimento de outras do mesmo ramo de atividade. Em contrapartida, teriam recebido veĂculos e outros bens como forma de pagamento da "propina".
Confirmados os atos, os investigados podem ser enquadrados nos crimes de corrupção passiva, associação criminosa, violação de sigilo funcional e usurpação de função pĂșblica.