Episódios de hostilização se intensificaram neste 2º turno das eleições em ambientes religiosos, que se tornaram palco bate-bocas e brigas políticas. Em Mato Grosso do Sul, uma mãe relatou que o filho foi hostilizado por um pastor por causa da cor da roupa que vestia durante um culto.
Líder religioso, o arcebispo de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa, destaca que toda essa disputa tem tendência intolerante e agressiva com o próximo e que as igrejas precisam adotar estratégias para unir os fiéis.
"Essa polarização acirrada antes do período eleitoral traz consigo muita intolerância, não só política, como religiosa, racional. Vivemos um período de que, se o outro não pensa como eu, é passível de agressão. A intolerância é uma marca deste período", avalia Dom Dimas.
Ainda conforme o líder católico, se por um lado a expressão é positiva por mostrar que as pessoas não estão apáticas, por outro, as redes sociais fazem com que as pessoas se expressem de maneira mais intolerante e agressiva.
"Infelizmente essa intolerância também está nas igrejas, mas precisamos criar estratégias de reconciliação, principalmente unindo forças em prol de causas maiores, como ajuda ao próximo. Falta de conhecimento gera preconceito, precisamos nos unir em uma civilização de amor e discutir ideias e não pessoas".
Ronaldo Leite Batista, do Conselho de Pastores de Mato Grosso do Sul, afirma que a liberdade de expressão deve imperar em todos os ambientes, especialmente nas igrejas. "Se a pessoa quer votar em A ou B, ela tem esse direito, no entanto, um líder também tem o direito de expressar sua ideia e lutar pelos princípios que defende", comenta.
O que era para ser momento de diversão em família virou motivo de frustração para Débora Armoa, de 30 anos. No último domingo (16), enquanto participava de uma festa de Dia das Crianças, organizada por uma igreja evangélica, a manicure presenciou o filho de apenas 2 anos ser hostilizado por um pastor por causa da cor da roupa que ele estava vestindo.
"Meu filho está na fase de ir no guarda-roupas e escolher a roupa que quer colocar, foi justamente isso o que aconteceu. Não tinha intenção política alguma no que ele estava vestindo", comenta.
Depois do primeiro abalo com a situação, a manicure compartilhou o caso em uma publicação nas redes sociais. No relato, que já tem mais de 200 compartilhamentos, ela detalha a aproximação do líder religioso em direção ao menino.
"Ao chegarmos, o pastor vai até uma contribuinte da igreja e pede: fulana troque a camiseta de seu filho que está de vermelho, pois já basta a criança que chegou de camiseta e boné vermelho. Nossa igreja é verde e amarela", contou.
Incomodada com a situação, Débora conta que decidiu ir embora da igreja. "Meu filho até foi chorando porque queria ficar, mas fiquei indignada, ainda mais por ser um pastor e porque estávamos em uma igreja. Esse período político está deixando as pessoas obcecadas demais", comentou.