Os dados fazem parte do relatório Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC), publicado anualmente pelo Banco Central. O levantamento foi divulgado em comemoração ao Dia Internacional do Cooperativismo de Crédito, celebrado hoje.
"Em mais um ano marcado pela pandemia de covid-19, o cooperativismo de crédito continuou a crescer. Ele se destaca em relação aos demais segmentos do Sistema Financeiro Nacional, demonstrando a importância para o desenvolvimento da atividade econômica, principalmente no interior do país, onde o setor possui atuação marcante", destacou o BC em nota.
Após uma retração no início da pandemia, a expansão das cooperativas de crédito começou a acelerar no segundo semestre de 2020, encerrando aquele ano com crescimento de 35% em relação ao ano anterior. Em agosto de 2021, o volume de carteira de crédito ativa chegou a registrar alta de 42% em 12 meses, antes de desacelerar nos meses finais do ano passado.
No estudo, o órgão destaca que o crédito rural a famílias e o crédito para capital de giro impulsionaram a carteira das cooperativas de crédito no ano passado. Em expansão desde 2017, a carteira de crédito para pessoas físicas cresceu 36,6% em 2021. Desse total, o crédito rural e agroindustrial, que responde por 43,7% do crédito às pessoas físicas, foi o que mais puxou a expansão, passando de R$ 57,8 bilhões em dezembro de 2020 para R$ 82,2 bilhões em dezembro de 2021.
As cooperativas de crédito continuam a ampliar a presença física. Em 2021, o número de unidades de atendimento subiu 9,9%, chegando a mais da metade dos municípios brasileiros. O total de cooperados aumentou 13,5% e encerrou o ano passado em 13,6 milhões de pessoas físicas e jurídicas.
Os ativos totais das cooperativas de crédito, que inclui não apenas a carteira de crédito, mas os outros bens, totalizou R$ 459 bilhões em dezembro de 2021, alta de 23,5% no ano. O estoque de captações de recursos subiu 23,7%, em ritmo superior ao dos outros ramos do Sistema Financeiro Nacional.
Em relação aos riscos financeiros das cooperativas de crédito, o BC informou que os ativos problemáticos (como empréstimos com inadimplência) continuou a trajetória de queda iniciada em 2020. Segundo o órgão, o nível de provisões (reservas financeiras para cobrir possíveis prejuízos) está acima de 90% das perdas esperadas na carteira de crédito. O setor, apontou o relatório, continua a operar acima dos limites de segurança exigidos pela regulamentação.
O aumento da alavancagem financeira (empréstimos que multiplicam o volume de dinheiro em circulação) tem sido compensado pelo maior controle dos gastos com provisão e com as despesas operacionais, melhorando os ganhos do setor. "Além disso, a capitalização agregada das cooperativas de crédito singulares continuou confortável em relação aos limites regulamentares", ressaltou o relatório do BC.